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Os desafios mundiais no cuidado cardiovascular serão debatidos por especialistas brasileiros e norte americanos no Congresso da SOCESP
“A adesão (ao tratamento) é crítica, e acho que presumimos que os pacientes compreendem o seu papel no cuidado com a própria saúde. Mas muitas vezes, eles não entendem”, afirmou a presidente do American College of Cardiology que fará a conferência de abertura do evento no Brasil
Legenda: Na foto Cathie Biga está ao lado de Hadley Wilson e o ex-presidente da SOCESP e presidente da Assembleia Internacional de Governadores do ACC, Antônio Carlos Palandri Chagas, durante o ACC.24, em Atlanta, nos EUA.
A CEO do American College of Cardiology, Cathleen Dalton Biga, assumiu o comando da entidade em abril passado, durante a realização do ACC.24, em Atlanta, na Georgia. Cathie Biga, como é conhecida, sucedeu a Hadley Wilson, que esteve no Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo no ano passado. Agora, na 44ª edição, a CEO do ACC virá ao Brasil especialmente para o evento da SOCESP onde promoverá a conferência de abertura e falará sobre os desafios no cuidado cardiovascular. Cathie Biga é enfermeira pela Northern Illinois University, Fellow do ACC desde 2019, e CEO de Gestão Cardiovascular do Estado de Illinois, especificamente da grande Chicago. Direto dos Estados Unidos, ela concedeu uma entrevista especial para a SOCESP falando da sua participação no 44º Congresso.
SOCESP: Qual é a importância de participar do evento da SOCESP?
Cathie Biga: É essencial que o American College of Cardiology esteja alinhado com nossos parceiros brasileiros na luta global contra as doenças cardíacas. Esse problema global requer muito conhecimento científico e dedicação para garantir bons resultados para os pacientes em um modelo de cuidados sustentável. A SOCESP proporciona esse local de aprendizado onde colegas, médicos e o time de cuidado cardiovascular podem aprender juntos as últimas evidências científicas, revisar a Terapia Médica Guiada por Diretrizes e as melhores formas de implementação na prática diária e garantir que estamos alcançando toda a população fornecendo acesso equitativo a cuidados de alta qualidade. É fundamental que ACC e SOCESP continuem parceiros nos eventos científicos de ambos para permitir a comunicação, promover a ciência, gerenciar a implementação e medir os resultados.
SOCESP: O tema da sua palestra será "Desafios na aplicação de diretrizes na prática clínica." Quais atualizações ou desenvolvimentos você discutirá sobre esse tema?
Cathie Biga: Como membro do time de cuidado cardiovascular, sempre me interessei pelo processo de aplicação, diretamente para o cuidado ao paciente, de conhecimentos e habilidades determinados através de dados científicos. Uma vez que meus colegas médicos identificam os caminhos clínicos e garantem a precisão e a adequação dos dados científicos, como isso é entregue aos nossos pacientes? Percebi que precisávamos de transformação nos cuidados para que essas diretrizes pudessem chegar ao paciente. Achei fascinante aprender sobre os sistemas de entrega e como cada país, região e hospital precisam de ajuda para redesenhar como fornecemos esses cuidados essenciais. Os pacientes devem estar com uma equipe que compreenda sua cultura e dinâmica socioeconômica. Minha palestra, espero, ajudará a desenhar esse modelo de atendimento em clínicas lideradas por médicos especialistas em suas subespecialidades.
SOCESP: Sua outra palestra se concentrará em "Aplicando a expertise clínica com a perspectiva do paciente." Que visão você fornecerá sobre esse tema?
Cathie Biga: Vejo os pacientes entrarem em nossos sistemas de saúde de várias maneiras – por meio de seu médico de família, da emergência, de um cardiologista ou até diretamente pelos cardiologistas subespecializados, mas também vemos uma variedade de maneiras pelas quais o paciente pode ser cuidado. Existem diferentes caminhos dependendo de como e onde eles entram no sistema. Vejo a transformação nos cuidados como o alinhamento entre nossos serviços e a garantia de de que os pacientes sejam tratados com os mesmos princípios de Terapia Médica Guiada por Diretrizes, não importa por onde entrem no sistema. Meu objetivo nesta palestra é garantir que o processo seja entendido para implementarmos o atendimento de maneira consistente e assegurarmos que os pacientes sejam cuidados ao longo de um contínuo e adequado tratamento, inclusive em casa ou em locais alternativos fora do ambiente hospitalar. Precisamos estar certos de que nossos pacientes entendam e que usemos a tomada de decisão compartilhada em todas as áreas, incluindo quais medicamentos funcionam melhor, de maneira personalizada (financeira, efeitos colaterais etc.). Isso é manter o paciente no centro de tudo o que fazemos.
SOCESP: Na sua opinião, como os cardiologistas podem incentivar seus pacientes a aderir aos procedimentos médicos e continuar buscando assistência médica?
Cathie Biga: Esta é uma ótima pergunta e acredito que ainda podemos aprender mais sobre a tomada de decisão compartilhada, para garantir uma comunicação de maneira que os pacientes possam entender plenamente o papel deles no cuidado com a própria saúde. Eu encorajo nossos médicos a interagirem com suas equipes. Cada país dialoga com a equipe de enfermagem de maneira diversa e no Brasil não é diferente. Precisamos garantir a compreensão dos determinantes sociais da saúde e encontrar o paciente onde ele está. A adesão é crítica, mas acho que presumimos que os pacientes compreendem e, muitas vezes, eles não entendem. Também precisamos usar nossos navegadores de enfermagem ambulatoriais para entrar em contato com os pacientes, especialmente os recém-diagnosticados, para garantir que compreendam e saibam onde podem buscar ajuda. É preciso uma equipe e trabalhar de forma coletiva com a comunidade.
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Diretrizes europeias de cardiomiopatias serão discutidas em Congresso da SOCESP
Convidado internacional, que tratará do tema, ainda irá abordar as novidades em exames diagnósticos que, com inteligência artificial e avanços em conectividade, devem traduzir-se em melhor relação médico-paciente e maior adesão aos tratamentos
O médico de Clínica de Miocardiopatias do Instituto Nacional de Cardiologia Ignacio Chavez na cidade do México, Enrique Bérrios Bárcenas, palestrante do 44º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, debaterá sobre as diretrizes de cardiomiopatia apresentadas no Congresso Europeu, do ano passado, em Amsterdã, na Holanda. O evento da SOCESP será realizado nos dias 30 e 31 de maio e 1º de junho, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.
“A relevância destas diretrizes reside não só na compilação de todo o conhecimento sobre estas doenças, mas também no fato deste grupo heterogêneo de condições estar estabelecido como uma nova especialidade pela primeira vez. Destacarei, em minha apresentação, a importância de equipes multidisciplinares especializadas que incluem geneticistas e especialistas em imagem”, relata o conferencista da SOCESP em entrevista exclusiva.
Enrique Bérrios Bárcenas, que também é coordenador de Investigação de Imagem Cardiovascular do Hospital Espanhol na cidade do México e editor-chefe da publicação Cardiac Imaging Update terá uma segunda participação no 44º Congresso onde abordará os achados da tradicional ferramenta do eletrocardiograma e sua correlação com um dos mais modernos recursos de imagem dos últimos anos, a ressonância magnética. “A disseminação do conhecimento científico e os avanços na terapia médica, como o advento da inteligência artificial e melhor conectividade, devem traduzir-se em aprimoramento na relação médico-paciente para alcançar uma mais adequada adesão ao tratamento. Juntos, médicos, pacientes, sociedade e tecnologia podemos chegar em objetivos que todos buscamos na área da saúde”, contextualizou o cardiologista.
Para Enrique Bérrios Bárcenas, eventos como o Congresso da SOCESP ajudam a difundir conhecimento e, de alguma forma, melhorar a interação de todos os envolvidos no processo saúde-doença da população. “Esse evento é um congresso de cardiologia de grande importância na América Latina, com um público de alto nível acadêmico e científico. Há vários anos conhecemos a trajetória do Congresso no México e é uma honra para mim representar meu país em um evento tão magnífico. A oportunidade de trocar experiências com diversos médicos do Brasil e do restante da América Latina é significativa na carreira de pesquisadores e cientistas”, completou o cardiologista.
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Professor da Universidade de Pittsburgh participará de debate sobre o papel da tomografia computadorizada cardíaca
Marcio Bittencourt destaca avanços científicos mas também fala da importância da humanização nos atendimentos para melhorar a adesão aos tratamentos, em entrevista para a SOCESP
O professor associado de medicina da Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, EUA, Marcio Sommer Bittencourt, virá especialmente a São Paulo para participar do 44º Congresso da SOCESP. Ele será conferencista em duas mesas de debate que abordarão o papel da tomografia computadorizada cardíaca e os avanços científicos em relação à doença cardiovascular aterosclerótica.
Em entrevista, o professor lembrou que as doenças infiltrativas são uma área de interesse recente da cardiologia e a melhor forma de investigação ainda não está completamente definida. Em várias situações são necessários muitos métodos de imagem para compreender melhor cada caso. “Na minha aula vou discutir o potencial uso da tomografia cardíaca na investigação destas doenças”, completou Marcio Bittencourt.
Uma doença cardíaca infiltrativa é um tipo de condição em que substâncias anormais (como proteínas, amiloides) se acumulam dentro do tecido cardíaco, interferindo em sua estrutura e função adequadas. Essas substâncias podem se infiltrar nas paredes do coração, prejudicando a capacidade do músculo cardíaco de receber e bombear sangue de forma eficiente. São doenças relativamente raras, mas a amiloidose cardíaca, uma das mais comuns, estima-se que afete cerca de 5 a 10% das pessoas com mais de 60 anos com insuficiência cardíaca. Os sintomas são os mais variados incluindo falta de ar, fadiga, palpitações, inchaço nas pernas, tonturas e desmaios. O diagnóstico geralmente envolve uma combinação de exames físicos, de imagem e, em alguns casos, biópsia do tecido cardíaco.
Sobre avanços científicos em relação à doença cardiovascular aterosclerótica, o professor da Universidade de Pittsburgh conta que irá discutir os principais aspectos da tomografia na avaliação de aterosclerose coronariana. “A comunidade da cardiologia brasileira e do Estado de São Paulo tem um excelente conhecimento técnico-científico. É sempre um prazer ter a oportunidade de interagir e colaborar com este grupo fantástico”, ressalta Marcio Bittencourt, em relação ao evento da SOCESP.
Ao ser questionado sobre como os cardiologistas podem incentivar mais seus pacientes a cuidar da saúde e aderir mais aos tratamentos, o professor contextualizou que a resposta depende muito do meio onde a população está inserida e da forma como as pessoas compreendem o cuidado médico. “A clareza, sinceridade, empatia e confiança são características necessárias do profissional de saúde que atende os pacientes. Além do papel do médico, uma parte essencial da manutenção da aderência ao cuidado em saúde vem de intervenções sociais mais amplas onde o papel do governo, de entidades médicas e de outros profissionais da saúde são essenciais”, concluiu.
O 44º Congresso da SOCESP será nos dias 30 e 31 de maio e 1º de junho, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.
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Entrevista com o professor da Duke University, Renato Lopes
O brasileiro Renato Lopes, cardiologista e professor de medicina do Departamanto de Medicina do Duke University Medical Center and Duke Clinical Research Institute, na Duke University, concedeu uma entrevista direto de Durham, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Ele será um dos palestrantes internacionais na 44ª edição do Congresso da SOCESP.
SOCESP: Qual é a importância de participar do Congresso da SOCESP?
Renato Lopes: É um congresso, em termos de número, um dos maiores do Brasil e obviamente a qualidade cientifica é caracterizadamente muito alta. O congresso da SOCESP consegue reunir os maiores especialistas do país com uma grade muito atualizada, inclusive com muitos palestrantes internacionais. É um evento de alta qualidade técnica e científica para se atualizar, uma grande oportunidade de interagir com profissionais de diversas áreas da cardiologia e que fazem pesquisa de ponta e atuam em centros de excelência, portanto o networking acaba sendo muito importante. E a troca de experiencias entre colegas, baseado nas aulas, nas sessões de perguntas e repostas, atualização e onde todos podem sair com conhecimento grande, inclusive dividindo experiencias em situações em que não temos tantas evidências e, portanto, nos ajudando a tratar os pacientes no dia a dia. É um congresso que acaba unindo a capacidade de atualização com o que a de mais moderno na cardiologia, troca de experiencia entre colegas e ao mesmo tempo discussões práticas de como aplicar as melhores evidencias no dia a dia.
SOCESP: O tema de uma de suas palestras será " Desafios no cuidado cardiovascular." Que atualizações você discutirá sobre esse tema?
Renato Lopes: Na abertura vou abordar os desafios que a gente encontra hoje em aplicar as evidências da nossa prática clínica, aliás primeiramente: o modelo atual de se gerar evidências cientificas de alta qualidade está questionado, está colocado em xeque. Não estamos conseguindo gerar evidências na velocidade que a medicina precisa. Este é o primeiro aspecto e um grande desafio: como mudar a maneira de gerar evidências de uma forma mais pragmática, mais rápida, mais eficiente e mais barata que possa nos dar mais respostas em um período de tempo mais curto. O segundo aspecto do desafio é, uma vez que essa evidência é gerada, como a gente faz chegar no doente, ou seja, como a gente faz com que as evidências possam ser aplicadas na prática clínica. E isso pode ser um dos grandes vilões da medicina do século XXI que é a inercia terapêutica, ou seja, uma tendencia a não se mexer, não se mudar as condutas, não se atualizar, e o paciente deixa de receber o melhor tratamento, seja ele um medicamento um dispositivo ou uma estratégia de cuidado. Vou abordar que a maneira mais eficiente para se combater a inercia terapêutica e a mudança de comportamento dos médicos é a educação de alta qualidade, a educação de alto nível que tem que ser de multinível, incluindo médicos, profissionais de saúde, os próprios pacientes e familiares. Chamamos de uma intervenção multinível e multifacetada. Sejam elas passivas ou ativas que vão ajudar a mudança do comportamento médico e consequentemente combater a inercia terapêutica, fazendo com que medicações, evidências, dispositivos e novas tecnologias, descobertas no dia a dia, possam ser aplicadas na prática e melhorar os desfechos clínicos dos pacientes.
SOCESP: Sua outra palestra se concentrará em "Cardiovascular medicine: constantly striving to improve patient care by challenging current practices." Que insights você fornecerá sobre este tópico?
Renato Lopes: Vou abordar novas maneiras de se gerar evidências de alta qualidade científica. Vamos mostrar que, assim como na abertura, as evidências, na forma como estão sendo geradas não estão cumprindo com seu papel porque são maneiras de gerar evidências muito demoradas, burocráticas e caras e não estão funcionando como desejavel. Discutiremos aspectos modernos e pragmáticos de se gerar evidências cientificas em um modelo descentralizado, focado no paciente, pragmático, mais eficiente, mais barato e em tempo real, ou seja, onde possa se manter o rigor científico mas dar mais repostas em um período menor de tempo pra que a gente consiga mudar a pratica clínica de maneira mais rápida e muito confiável.
SOCESP: Outro tema será “Os estudos que mais vão impactar a sua prática clínica em 2024: fibrilação atrial”. Quais as novidades sobre o tratamento da fibrilação atrial?
Renato Lopes: Os estudos mais importantes que abordaremos sobre fibrilação atrial são a presença dos novos anticoagulantes, não mais os anticoagulantes orais diretos – que não são mais novos, já existem há 15 anos – mas uma nova classe muito promissora que são os inibidores de Fator XI Ativado. Temos alguns estudos promissores Fase II, e recentemente um estudo Fase III, onde eles não funcionaram na prevenção do AVC e da embolia sistêmica em pacientes com fibrilação atrial, mas existem vários outros programas em andamento e talvez tenha sido um problema de ter escolhido a dose errada nesse programa desse particular Inibidor Fator XIAtivado, mas é uma classe muito promissora ainda e que faremos uma atualização. E obviamente vamos fazer uma atualização também da FA (fibrilação atrial) subclínica, ou seja, aquela que tem no dispositivo implantável como um marcapasso ou um desfibrilador e consequentemente não sabíamos o que fazer com esses pacientes. Hoje em dia temos dados muito robustos do estudo ARTESIA, que eu liderei, e que traz uma resposta muito clara de como tratar esses pacientes e quais são os que mais se beneficiam da anticoagulação nesse cenário de FA subclínica.
SOCESP: E, por fim, a sua quarta participação tratará de “Os estudos que mais vão impactar a sua prática clínica em 2024: síndrome coronária aguda”. Quais estudos mais relevantes serão apresentados sobre a SCA?
Renato Lopes: Na área de síndromes coronarianas agudas vamos abordar primeiro também o uso de anticoagulantes orais novos, da mesma classe dos que descrevemos para fibrilação atrial, que são os inibidores de Fator 11 Ativado, na tentativa de ainda melhorar e diminuir o risco residual dos pacientes que já usam antiagregante plaquetário. Vamos também discutir as novas estratégias antitrombóticas com antiagregantes plaquetários mais potentes onde a gente diminui o tempo de uso de dupla antiagregação plaquetária para que melhore o perfil de segurança do paciente, mantendo a eficácia. Vamos abordar e relembrar estudos recentes sobre drogas que são promissoras no aumento da função do HDL, não só simplesmente aumentar o HDL, mas melhorar a função do HDL para que possamos fazer um maior clearance do colesterol ruim. Esse é um dos objetivos que temos de abordar o estudo AEGIS E II. Queremos melhorar a função do HDL através da infusão do Apoliproteína A-I humana - o principal componente do HDL - quer melhorar a função do HDL na retirada do colesterol das células para o fígado, que vai degradar o colesterol e depois excretar via bile. Na verdade, esse mecanismo de limpeza do colesterol das células é feito pelo HDL (colesterol bom). Temos um estudo com mais de 18 mil pacientes testando essa hipótese de melhorar a função do HDL infundindo seu principal componente que é a APO A-I. Esse foi o estudo AEGIS II e também vamos discutir esse tópico e principais resultados. Por fim também vamos discutir a importância de uma outra classe de medicamentos que são os inibidores SGLT2 muito utilizados hoje tanto para diabetes como para insuficiência cardíaca, que também foi testada em um cenário de pacientes que tem Síndrome Coronariana Aguda (SCA) com risco de desenvolver insuficiência cardíaca nos estudo EMPACT-MI que também foi recentemente apresentado – liderei o estudo no Brasil – mostrando os resultados em primeira mão no sentido de discuti-los pra que a gente possa entender se há ou não espaço para essa classe de medicamentos no doente pós infarto agudo do miocárdio.
SOCESP: Na sua opinião, como os cardiologistas podem incentivar seus pacientes a aderir aos procedimentos médicos e continuar buscando cuidados de saúde?
Renato Lopes: Os cardiologistas têm uma formação muito sólida e com bastante conhecimento profundo dos benefícios das intervenções e dos medicamentos, com conhecimentos dos efeitos colaterais. Muitas vezes, com conhecimento de como manejar os efeitos colaterais, eles poderão passar mais segurança para os pacientes uma vez que eles têm essa experiencia que foi discutida com outros profissionais. Acredito que passar essa segurança para os pacientes, de que realmente os cardiologistas estão atualizados, conhecem o que há de melhor e sabem manejar os efeitos colaterais, com certeza vai ajudar os pacientes a aderirem mais. Outro aspecto é incluir os pacientes na estratégia de tratamento, ou seja, não pode mais ser simplesmente uma conduta de mandar e o paciente fazer. Tem que envolver o paciente, tem que incluir o familiar, incluir o paciente no processo de doença, de prevenção do risco cardiovascular, de tratamento das comorbidades cardiovasculares para que ele possa ser parte integrante das decisões, entenda porque os medicamentos e as combinações de medicamentos são benéficas, compreenda os efeitos colaterais e como manuseá-los, diante do benefício que é maior do que os riscos e, consequentemente, nesse modelo de divisão compartilhada da responsabilidade entre os médicos e os pacientes a gente espera que isso possa impactar positivamente na adesão ao tratamento sejam eles quais forem.
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Entrevista com editor chefe da Circulation Cardiovascular Imaging, Robert Gropler
Robert Gropler é professor de Radiologia e Medicina e vice-presidente Sênior e diretor da Divisão de Ciências Radiológicas no Instituto de Radiologia Mallinckrodt da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, localizada em St. Louis, nos Estados Unidos. Os interesses clínicos do professor Gropler estão na cardiologia nuclear, tendo ampla experiência no desenvolvimento de abordagens de imagem molecular por PET para várias formas de doenças cardiovasculares. Robert Gropler também é editor-chefe da revista Circulation: Cardiovascular Imaging.
SOCESP: Qual é a importância de participar do Congresso da SOCESP?
Robert Gropler: Este encontro é um dos maiores do gênero no Brasil. A qualidade científica e os participantes são de primeira linha. O compartilhamento de informações e perspectivas será benéfico para todos.
SOCESP: O tema da sua palestra será "Indicações e limitações de métodos diagnósticos não invasivos na investigação de isquemia miocárdica". Quais atualizações você abordará?
Robert Gropler: Vou focar em novos desenvolvimentos em tecnologias, como câmeras SPECT-CZT, novos traçadores de perfusão por PET e o crescimento da imagem de perfusão miocárdica por PET e a importância de quantificar a perfusão miocárdica. Também discutirei onde a "imagem funcional" se encaixa no paradigma que inclui a "imagem anatômica".
SOCESP: A outra palestra será sobre a "Imagem Avançada em Doenças Infiltrativas do Coração: Explorando a Fisiopatologia para Intervenção Terapêutica Guiada". O que irá enfatizar sobre o tema?
Robert Gropler: Vou enfatizar como a imagem por radionuclídeos revolucionou a detecção e o manejo de pacientes com várias formas de cardiomiopatia infiltrativa, como amiloidose e sarcoidose. Descreverei novos traçadores que estão surgindo e, mais importante, a necessidade de uma abordagem multimodal no manejo desses pacientes.
SOCESP: Na sua opinião, como os cardiologistas podem incentivar seus pacientes a continuar buscando cuidados de saúde?
Robert Gropler: Três palavras: humanizar, empatia e educar. O que quero dizer com humanizar é entender que cada paciente tem características e experiências humanas únicas que devem ser consideradas. Devemos ser empáticos com a situação de vida atual deles e levar isso em conta ao oferecer conselhos e ter expectativas sobre as ações que eles tomarão. Com esses dois pontos em mente, fornecemos as evidências mais convincentes para seguir um estilo de vida saudável.
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Professora do Monte Sinai, em Nova York, abordará no Congresso da SOCESP as novidades sobre terapias antiplaquetárias
Roxana Mehran considera o evento uma das maiores reuniões anuais em educação/ciência do mundo
A professora de Medicina e diretora de Pesquisa Cardiovascular Intervencionista e Ensaios Clínicos do Mount Sinai School of Medicine, em Nova York, Roxana Mehran, participará do 44º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. Ele concedeu uma entrevista direto dos Estados Unidos e afirmou que o evento da SOCESP “é um dos encontros mais vibrantes, cientificamente embasados e inclusivos do ano. Estou orgulhosa em contribuir como participante e conferencista a cada ano deste Congresso”, que será realizado nos dias 30 e 31 de maio e 1º de junho, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.
A professora Roxana Mehran, em 2020, durante a pandemia, foi palestrante do Congresso Virtual da SOCESP e concedeu uma outra entrevista destacando que o evento “é uma das maiores reuniões anuais em educação/ciência do mundo e considero uma das melhores”.
Em 2024, a diretora de Pesquisa Cardiovascular Intervencionista e Ensaios Clínicos do Mount Sinai School of Medicine, irá abordar sobre “Medicina cardiovascular: buscando constantemente melhorar o cuidado ao paciente desafiando práticas atuais - Terapia antiplaquetária: é hora de um mundo 'livre de aspirina'?”. Ela adiantou que planeja falar sobre os mais novos dados e meta-análises sobre o estado da arte da terapia antiplaquetária. “Estou ansiosa para compartilhar alguns dos mais recentes dados e desenvolvimentos com todos os brasileiros”, completou.
Na sua opinião da professora, a adesão ao tratamento dos pacientes é um ponto de constante atenção na prática clínica. “Precisamos trabalhar duro para ter tempo com nossos pacientes e educá-los sobre sua saúde e seu papel importante em melhorá-la. Isso requer tempo, esforço, empatia e recursos. Espero que nunca percamos esta importante virtude de sermos clínicos”, completou.