INTRODUÇÃO
Uma estrutura anormal localizada no interior ou imediatamente adjacente ao coração é definida como massa cardíaca. Especificamente na abordagem de tumores cardíacos existem os tumores metastáticos, os quais são 20 vezes mais comuns que os tumores cardíacos primários. Os tumores metastáticos podem acometer o coração através de invasão direta pelas estruturas adjacentes( como exemplo pulmão e mama) e também por via hematogênica, disseminação linfática ou metastática à distância ( como linfoma e melanoma).
RELATO DE CASO
Paciente jove, sexo feminino, 14 anos com história pregressa de leucemia linfoide aguda (LLA) do tipo B com diagnóstico em 2022. Realizava monitoramento de cardiotoxidade com ecocardiograma transtorácico regularmente. Em março de 2023 internou para sequência do tratamento quimioterápico. No entanto, durante a internação evoluiu com febre e calafrios e subsequente quadro de neutropenia febril. Foram coletadas hemoculturas e iniciado antibioticoterapia com piperacilina / tazobactam. Realizado medidas precoces para sepse, porém, ainda assim a paciente evoluiu para choque septico.
Diante da gravidade, foi transferida para unidade de terapia intensiva. Com objetivo de esclarecer focos infecciosos foi solicitado ecocardiograma transtorácico. O exame foi realizado à beira leito e com relativa dificuldade técnica.
Figura 1. Ecocardiograma transtorácico, janela paraesternal. A, B, C e D . As setas mostram imagens hiperecogênicas em ventriculos esquerdo e direito.
DISCUSSÃO
Exceto câncer do sistema nervoso central, qualquer outro tipo de câncer pode enviar metástases para o coração, mas cancêres de mama, pulmão, melanoma e neoplasias hematológicas (leucemia e linfoma são os mais frequentes). Quando ocorrem metástases cardíacas o prognóstico torna-se ruim e cerca de 50% dos pacientes morrem dentro de um ano. A radioterapia e a quimioterapia para os tumores quimiossensíveis são recomendadas. Já ressecção cirúrgica geralmente não é possível.
No caso descrito suspeita-se que tenha ocorrido infiltração miocárdica por células leucêmicas. Infelizmente a paciente faleceu e não foi possível confirmar o diagnóstico.
CONCLUSÃO
Embora o caso acima mencionado não tenha confirmação histopatológica através de biopsia das lesões cardíacas intracavitárias, o padrão de acometimento sugere lesões metastáticas. Atualmente existem poucos relatos de lesões metástaticas cardíacas. Nesse sentido, este relato tem como intenção contribuir com imagens para a melhor comprrensão de doenças oncológicas e suas interrelações com o sistema cardiovascular.