Introdução:A doença cardiovascular (DCV) é a principal causa de morbimortalidade global, com a doença arterial coronariana (DAC) como destaque. A cirurgia de revascularização do miocárdio é uma terapia crucial, mas suas complicações pós-operatórias, como sangramento, persistem como desafio. O escore CRUSADE, desenvolvido para avaliar risco de sangramento em pacientes com síndrome coronariana aguda, tem sido eficaz neste tipo de avaliação, sendo preferido por sua acurácia e relevância clínica. A identificação de pacientes de alto risco para sangramento antes da cirurgia é fundamental para implementar medidas preventivas e otimizar recursos. Surge, assim, a hipótese de estender o uso do escore CRUSADE para prever sangramento significativo em pacientes após a cirurgia de revascularização do miocárdio. Objetivo: Avaliar o desempenho do escore CRUSADE como um preditor de sangramento maior em pacientes submetidos a cirurgia de revascularização do miocárdio. Métodos: studo observacional, retrospectivo, avaliando pacientes submetidos a cirurgia de revascularização do miocárdio isolada em 2016, no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, utilizando dados de prontuários e bancos de dados, aplicando o escore CRUSADE a esses pacientes no pré-operatório. O desfecho primário foi a ocorrência de sangramento importante após a cirurgia de revascularização do miocárdio, definido pelo conceito BARC. A análise estatística abrangeu vários métodos, incluindo teste qui-quadrado, teste de Mann-Whitney, teste Qui-Quadrado de Pearson, teste exato de Fisher e medidas descritivas. O ambiente de programação R foi utilizado, com um nível de significância de 5% em todos os testes. Resultados: 398 pacientes foram submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio, mas apenas 223 prontuários continham informações completas, sendo excluidos 175 pacientes. A média de idade dos pacientes foi de 62,4 anos, com 26,9% de mulheres e 73,1% de homens. As correlações de Spearman não mostraram relações significativas entre drenagem total e idade, peso, presença de diabetes, doença vascular periférica ou insuficiência cardíaca congestiva. No entanto, houve correlações positivas moderadas com hematócrito de base e creatinina. A drenagem total não se correlacionou significativamente com o escore CRUSADE. Conclusão: O escore CRUSADE, aplicado a pacientes no pré-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio, não teve um bom desempenho como preditor de sangramento maior nessa população estudada.