Introdução: Alterações musculares metabólicas, morfológicas e bioquímicas são comuns na insuficiência cardíaca crônica. A inibição da proteína co-transportadora de sódio e glicose tipo 2 (SGLT2) tem efeitos cardioprotetores, mas seu impacto no músculo esquelético ainda é pouco compreendido. Este estudo avalia os efeitos do inibidor da SGLT2 empagliflozina (EMPA) no músculo sóleo de ratos com insuficiência cardíaca induzida por infarto do miocárdio (IM). Métodos: Uma semana após indução do IM, ratos Wistar machos foram divididos nos grupos Sham (n=10), Sham+EMPA (n=12), IM (n=10) e IM+EMPA (n=09). EMPA foi adicionada à ração (5 mg/kg/dia) por 12 semanas. Após análise histológica do ventrículo esquerdo (VE), somente ratos com IM maior que 35% da área total do VE foram incluídos no estudo. A atividade enzimática e a concentração de marcadores de estresse oxidativo foram avaliadas por espectrofotometria, área seccional transversa por histologia e a expressão proteica por Western blotting. Análise estatística: ANOVA e Tukey. Resultados: O tamanho do infarto não diferiu entre os grupos. Ao final do estudo, os grupos infartados apresentaram maior diâmetros sistólico e diastólico do VE, área diastólica do VE (Sham 47 ± 7,1; Sham+EMPA 48 ± 4,5; IM 100 ± 16,1*; IM+EMPA 85 ± 10,1 mm2 #†; *p<0,05 vs Sham; #p<0,05 vs Sham+EMPA; †p<0,05 vs IM) e diâmetro do átrio esquerdo (Sham 5,62 ± 0,2; Sham+EMPA 5,65 ± 0,3; IM 7,69 ± 1,3*; IM+EMPA 6,85 ± 0,9 mm #†; *p<0,05 vs Sham; #p<0,05 vs Sham+EMPA; †p<0,05 vs IM); e menor velocidade de encurtamento da parede posterior do VE e fração de ejeção que os grupos Sham+EMPA e Sham. As alterações ecocardiográficas foram atenuadas no grupo IM+EMPA. A área seccional transversa do sóleo foi maior em IM+EMPA que IM e a expressão proteica da miosina de cadeia pesada (MyHC) tipo I foi menor no IM que no Sham. A expressão da MyHC tipo II foi maior no IM+EMPA que no IM. A atividade da glicose-6-fosfato-desidrogenase, citrato sintase e beta-hidroxi-acil-desidrogenase foi maior no IM que no Sham e não se alterou no grupo IM+EMPA. A concentração muscular de malonaldeído, a carbonilação de proteínas e a expressão proteica do fator nuclear 2 relacionado ao fator eritróide 2 foi maior, e a atividade da superóxido dismutase e a expressão da proteína 1 associada a ECH do tipo Kelch foi menor no grupo IM que no Sham. Estas variáveis não se alteraram no grupo IM+EMPA. Conclusão: A empagliflozina atenua a remodelação cardíaca e previne aumento do estresse oxidativo e alterações morfológicas e bioquímicas no músculo esquelético sóleo de ratos infartados.