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Bloqueio Atrioventricular Total reversível durante fase aguda de Dengue

Raoni de Castro Galvão, Ana Flavia Castro, Carina Brauna, Alba Godoy, Christian de Magalhães, Edwagner S L de Carvalho, Patricia B M Rueda Germano, Maria Tereza Carnaúba
Hospital de Base - Brasilia - DF - Brasil

Introdução:

A dengue acomete milhões de brasileiros anualmente. Uma minoria dos casos evolui para forma hemorrágica, acometendo diferentes órgãos e sistemas. Apesar de pouco divulgado, o coração também pode ser afetado, gerando miocardites e arritmias, em geral autolimitadas e sem maiores consequências. Relatamos a seguir um caso, na vigência de epidemia de Dengue no Distrito Federal, de pcte com miocardite e BAVT instavel por dengue revertida após resolução da fase aguda.

Relato de Caso:

Homem, 80A, AP de HAS e ex-tabagismo. Procurou PS por astenia e adinamia há 2 dias, ECG admissão com BAVT intermitente, FC 25bpm e QRS com BRD(fig1). Instabilidade clínica e hemodinâmica. Implantado MP provisório de urgência, mantendo o paciente sem escape ventricular próprio de imediato. Lab com Hb 11,1, Ht 34,9%, plaquetas 92K e leucopenia 3,3K no D3 de sintomas, Creat 2,1. ureia 90. Troponina I +. Teste rápido Dengue com IgG + e NS1 + (D6). Após o 6° dia de doença, pcte recuperou condução AV 1:1, com melhora dos sintomas e laboratorial. MP mantido sob modo VVI 40bpm mantendo-se em ritmo sinusal e condução AV 1:1 com BRE ao ECG(fig2). Eco TT com FEVE levemente reduzida 49% e hipocinesia difusa de VE. Realizado Holter após 5 dias de recuperação de ritmo. FC minima 64bpm, média 75bpm e Máx 134bpm. Sempre com condução AV 1:1, com PR preservado. 0 pausas e mantendo padrão de BRE. Pela presença de MP provisório, não foi possível realziar RM coração durante internação. Recebeu alta após 15 dias de internação estavel e sem queixas.

DISCUSSÃO

Apesar de incomum, o virus da dengue tem tropismo cardíaco, É descrito na literatura possíveis complicações cardíacas pela dengue, decorrentes ou pela ação direta do vírus causando miocardite, cuja inflamação altera estruturalmente e funcionalmente o coração, gerando substratos para arritmias. Ou por hemorragia subendocárdica principalmente em região de septo IV no sistema excito-condutor cardíaco. Ou ainda possíveis distúrbios hidroeletrolíticos, que podem prolongar intervalo QT e gerar arritmias. Tais alterações podem causar diversas alterações ao ECG. Mais comumente as bradicardias sinusais.

BAVs são raros e descritos em até 3-5% dos casos de dengue com alterações de ECG, em sua grande maioria são transitórios e a condução AV é recuperada com a melhora da doença.Este caso retrata uma complicação cardíaca rara e potencialmente grave da dengue aguda,e nos alerta para atentar às possíveis alterações miocárdicas e eletrocardiográficas da Dengue.

Fig1: ECG inicial com BAVT

Fig2: ECG final com BRE e PR normal

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