Fundamento: Análises em grandes registros apontam desfechos desfavoráveis para mulheres submetidas à cirurgia de revascularização do miocárdio (CRM), enquanto estudos randomizados sofrem com a falta de representatividade.
Objetivo: Comparar os resultados hospitalares ajustados entre homens e mulheres submetidos à CRM.
Métodos: Entre julho de 2017 e junho de 2019, 3991 pacientes foram submetidos à CRM primária isolada, tanto de forma eletiva como de urgência, em 5 hospitais de estado de São Paulo, Brasil. Para equilibrar as diferenças entre homens e mulheres, as populações foram ajustadas utilizando o Propensity Score Matching em seis variáveis pré-operatórias (idade, diabetes mellitus, fração de ejeção (<30%), índice de massa corpórea (>30 kg/m²), histórico de neoplasia prévia e disfunção renal). Os desfechos considerados para análise foram os utilizados pelo STS Adult Database. As análises foram conduzidas no software R, considerando significância valores de P < 0,05.
Resultados: Após o Propensity Score Matching (1:1), cada grupo incluiu 1089 pacientes. Em relação às variáveis intraoperatórias os homens apresentaram maior tempo de CEC (P<0,001), tempo cirúrgico (P<0,001), número de anastomoses distais (P<0,001) e uso de enxertos arteriais. Em relação aos desfechos as mulheres apresentaram maior incidência de infecção de ferida profunda (P=0,006), tempo prolongado na Unidade de Terapia Intensiva (P=0,002), maior necessidade do uso de balão intraórtico (P=0,04), maior taxa de transfusão sanguínea (P<0,001), maior readmissão hospitalar em até 30 dias após a cirurgia (P=0,002) e maior taxa de óbitos (P=0,03).
Conclusões: Apesar dos homens terem apresentado um maior tempo de CEC, maior número de enxertos arteriais e maior número de anastomoses distais, os resultados imediatos após CABG foram piores em mulheres. Portanto, destacamos a importância de desenvolver estudos randomizados que forneçam evidências sólidas sobre as abordagens mais eficazes no manejo da CRM em mulheres.