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Marcadores inflamatórios e espessura íntima-média de carótidas em oito anos de seguimento: GlycA vs. proteína C-reativa (ELSA-Brasil)

William R. Tebar, Vandrize Meneghini, Marcio S. Bittencourt, Giuliano Generoso, Alessandra C. Goulart, Alexandre C. Pereira, Itamar S. Santos, Raul D. Santos, Paulo A. Lotufo, Isabela M. Bensenor
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO - USP - SP - SÃO PAULO - SP - BRASIL

Fundamentos: A proteína C-reativa (PCR) e a GlycA são marcadores inflamatórios de diferentes caminhos biológicos associados ao risco de doença cardiovascular (DCV). Contudo, não está estabelecido qual marcador estaria mais fortemente associado à espessura íntima-média de carótidas (EIMC), um indicador subclínico de DCV. Diante disso, foi analisada a associação de níveis elevados de PCR e GlycA com EIMC em participantes do estudo ELSA-Brasil.

Métodos: Foram avaliados 3.549 participantes (50,2 ±8,5 anos, 55,5% mulheres), sem doenças cardiovasculares na linha de base. A EIMC foi avaliada por ultrassonografia na linha de base e após 8 anos de seguimento. A PCR foi avaliada por exame imunoquímico nefelométrico e a GlycA foi avaliada por ressonância nuclear magnética, em amostras de sangue coletadas após jejum de 12 horas. Participantes com PCR ≥10mg/L não foram incluídos por terem alta probabilidade de infecção aguda ou doença autoimune. Níveis elevados de PCR (≥3mg/L) e de GlycA (>400 μmol/L) foram combinados em quatro grupos: i. nenhum marcador elevado (n=1500; 42,3%), ii. somente PCR elevada (n=127, 3,5%); iii. somente GlycA elevada (n=1182, 33,3%); e iv. ambas elevadas (n=741, 20,9%). A associação de níveis elevados de PCR e GlycA com EIMC em diferentes percentis (P50, P60, P70, P80 e P90) foi analisada por regressão quantílica ajustada por idade, sexo, raça/cor, escolaridade, índice de massa corporal, histórico familiar de DCV precoce, hipertensão, diabetes, dislipidemia, tabagismo, álcool e atividade física.

Resultados: Isoladamente, a PCR elevada e a GlycA elevada não foram associadas com maior EIMC (p>0.05). Na análise combinada, participantes com somente PCR elevada apresentaram maior EIMC na linha de base (nos percentis P70 [B=0.032; IC95%: 0.006; 0.058], P80 [B=0.045; IC95%: 0.015; 0.075] e P90 [B=0.090; IC95%: 0.049; 0.131]) e após 8 anos de seguimento (nos percentis P60 [B=0.033; IC95%: 0.009; 0.056], P70 [B=0.044; IC95%: 0.015; 0.072], P80 [B=0.063; IC95%: 0.029; 0.096] e P90 [B=0.072; IC95%: 0.015; 0.129]), enquanto participantes com somente GlycA elevada apresentaram maior EIMC apenas no P50 após 8 anos de seguimento (B=0.010; IC95%: 0.001; 0.019], quando comparados aos que não tinham nenhum marcador elevado. Ter PCR e GlycA elevadas não foi associado com EIMC. Diferenças de EIMC entre avaliações não foram associadas com PCR e GlycA. 

Conclusões: A PCR elevada combinada com a GlycA não elevada foi associada com maior EIMC. A PCR aparentou ser um marcador inflamatório significativo para a EIMC desde que analisada conjuntamente com a GlycA.

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