Introdução: A AC está associada a diversas complicações, e uma delas são os ETEs, que podem impactar significativamente na qualidade de vida dos pacientes. Predizer e estratificar o risco desses ETEs em pacientes sem fibrilação atrial (FA) representa um desafio significativo, pois muitos ocorrem independentemente da presença de FA. Vários preditores, particularmente os ecocardiográficos, têm sido associados a um risco aumentado, mas não há consenso sobre estratificação ou tratamento preventivo.
Objetivos: Determinar a prevalência de ETEs numa coorte de doentes com AC sem FA e identificar preditores ecocardiográficos.
Métodos: Estudo retrospectivo, unicêntrico, incluindo pacientes com AC confirmada seja por transtirretina ou cadeias leves. Os dados foram coletados através da revisão do prontuário eletrônico. Os ETEs considerados foram acidente cerebrovascular isquêmico (AVCi) e tromboembolia pulmonar. As taxas de risco foram analisadas por meio de regressão logística binária, com nível de significância estabelecido de p <0,05.
Resultados: Foram incluídos 75 pacientes. As características basais estão representadas na Figura 1. Quinze ETEs (20%) foram descritos, sendo 80% AVCis. Embora a disfunção diastólica e a pressão arterial sistólica pulmonar (PSAP) tenham sido preditores na análise univariada, o modelo multivariado de LR ward identificou o diâmetro do septo interventricular (SIV) como o único preditor, OR 1,280 (1,061-1,543), p = 0,010. A análise da curva ROC revelou que o SIV teve um bom poder preditivo para ETEs (AUC 0,745), com um ponto de corte ≥15 mm proporcionando 80% de sensibilidade e 62% de especificidade (ver Figura 1).
Conclusões: Um diâmetro do SIV ≥15 mm, avaliado por ecocardiografia, demonstrou capacidade preditiva robusta para o risco de ETEs nesta coorte de pacientes com AC sem FA.
Palavras-chave: amiloidose, tromboembolismo, transtirretina.