Introdução:
A pericardite pós “Ablação por Radiofrequência” (RF) ou crio ablação é uma complicação rara, provavelmente, ocorre por uma lesão mio-pericárdia levando a uma síndrome inflamatória. Descrita em 1956, a “Síndrome de Dressler” (SD) é caracterizada por febre, dor torácica tipo pleurítica, derrame pericárdio, alterações eletrocardiográficas, ecocardiográficas e elevação dos marcadores inflamatórios. Este relato de caso é de um paciente portador de fibrilação atrial paroxística submetido a ablação por RF que apresentou uma pericardite com derrame pericárdio moderado a importante.
Métodos:
N.D.A, sexo masculino, 72 anos, portador de taquicardia atrial e fibrilação atrial paroxística, previamente submetido a procedimento de ablação em outro serviço no ano de 2014. Foi internado no “Hospital Samaritano Paulista” para submeter-se a novo estudo eletrofisiológico e ablação por RF. Submetido ao procedimento no dia 13/10/2023, realizado isolamento das veias pulmonares, teto e parede posterior do átrio esquerdo e linhas de bloqueio do istmomitral e cavo-tricuspídeo.
Recebeu alta e após 27 dias, o paciente retornou ao pronto socorro por ter apresentado pré-síncope. No exame físico, a ausculta cardíaca evidenciou atrito pericárdico, o eletrocardiograma apresentava elevação difusa do segmento ST, os exames laboratoriais demonstraram aumento dos marcadores inflamatórios (Leucograma:13.700 e PCR:18 mg\dL), troponina:20mg\dL, o ecocardiograma evidenciou derrame pericárdico moderado a importante (lâmina pericárdica de 19mm) com maior acúmulo junto a parede anterolateral e anterior do ventrículo esquerdo.
Resultados:
Após o diagnóstico de pericardite com derrame pericárdico moderado a importante foi introduzido diurético, ibuprofeno, colchicina e corticóide. Avaliação seriada por imagem de ecocardiograma, após 6 dias de tratamento, houve uma redução importante do derrame pericárdio e uma melhora dos marcadores inflamatórios (Leucograma:9380 e a PCR:3,1mg/dL). O paciente recebeu alta, assintomático, hemodinamicamente estável e em ritmo sinusal.
Conclusão:
A despeito da baixa incidência, a SD deve ser aventada em pacientes com quadro clínico de pericardite com ou sem efusão pericárdica, após ablação por RF no tratamento das taquiarritmias supraventriculares. Para seu diagnóstico deve ser levada em consideração a história clínica, resultados de exames laboratoriais e de imagem. A SD costuma ser autolimitada com o tratamento clínico otimizado.