Fundamento: A pandemia de COVID-19 trouxe desafios para a cirurgia cardíaca, sugerindo um aumento nos riscos cirúrgicos, especialmente em procedimentos como a revascularização miocárdica.
Objetivo: Determinar o impacto da COVID-19 no período intra-hospitalar e no seguimento em até 3 anos dos pacientes submetidos à Cirurgia de Revascularização do Miocárdio (CRM).
Métodos: Estudo de coorte prospectivo, longitudinal, observacional e unicêntrico envolveu 223 pacientes submetidos à CRM entre março de 2020 e março de 2021. A pesquisa foi conduzida para identificar e comparar características pré-operatórias, intraoperatórias e pós-operatórias entre pacientes diagnosticados com COVID-19 e aqueles não infectados pelo vírus durante o período do estudo. Ademais, entrevistas estruturadas foram realizadas por meio de ligações telefônicas utilizando a plataforma REDCap, abrangendo um período de acompanhamento de até três anos após a cirurgia, para avaliar a sobrevida e o tempo livre de infecção por COVID-19 nos pacientes. Para aqueles pacientes com os quais não foi possível estabelecer contato, obtiveram-se informações sobre o estado de vida através de consultas realizadas junto à secretaria de saúde local. Para as análises estatísticas, utilizou-se o software R, adotando-se um nível de significância de p < 0,05.
Resultados: Durante a estadia intra-hospitalar, dentre 223 pacientes, 30% dos diagnosticados com COVID-19 faleceram após a cirurgia, em contraste com apenas 2,46% dos pacientes sem COVID-19 (P<0,001). Dos 212 pacientes elegíveis para acompanhamento, 7,62% (16 pacientes) morreram, e desses óbitos, 43,75% foram atribuídos à COVID-19. Nas entrevistas estruturadas realizadas, alcançamos 166 pacientes (78,30% do total elegível), dos quais 26,51% testaram positivo para COVID-19 durante o acompanhamento. Pacientes que contraíram COVID-19 durante o seguimento tiveram uma taxa de sobrevivência significativamente menor em comparação aos não infectados ao longo de um seguimento de até 36 meses, com uma diferença significativa (p=0.0061).
Conclusão: A COVID-19 aumenta significativamente a mortalidade dos pacientes, tanto no ambiente hospitalar quanto em acompanhamento de longo prazo, destacando a crítica importância da vacinação e de outras medidas preventivas para reduzir os riscos associados à infecção.