Introdução: Observou-se que a doença grave ameaça a vida e pode produzir emergências psíquicas e sofrimento intenso nos sujeitos que vivenciam esse processo, especialmente no contexto neonatal, sendo fundamental a atuação crítica da equipe multidisciplinar, mostrando inúmeras possibilidades de intervenções que auxiliam na redução dos impactos e dos efeitos nocivos da hospitalização na subjetividade dos pais e bebês.
Métodos: O presente estudo surgiu a partir das experiências práticas e vivenciadas do trabalho de psicólogas, inseridas na UTI Neonatal no programa de Residência em Saúde Cardiovascular de um Hospital Estadual de São Paulo (Brasil). A pesquisa baseou-se em observações diretas e análise documental das práticas realizadas pela equipe multidisciplinar na UTI Neonatal com famílias em processos imigratórios. Foram registradas as intervenções e estratégias adotadas para construção e consolidação do vínculo entre familiares e neonato. Além disso, foram realizadas discussões em equipe para compreender as especificidades dos casos.
Resultados: A atuação da equipe multidisciplinar se mostrou fundamental na promoção do protagonismo do neonato, facilitando a construção e consolidação do vínculo com seus familiares. Estratégias de intervenção incluíram a realização de assistência interdisciplinar, considerando as especificidades culturais e linguísticas dos familiares imigrantes. Observou-se que a interação entre diferentes culturas pode gerar estranhamento inicial, mas com persistência e compreensão mútua, a equipe conseguiu adaptar-se e acolher as necessidades expressas pelas famílias, tanto em termos emocionais quanto práticos, possibilitando adaptação e acolhimento das necessidades expressas pelas famílias.
Conclusões: A atuação crítica da equipe multidisciplinar na UTI Neonatal demonstrou ser eficaz na redução do impacto da hospitalização na subjetividade dos pais e bebês. O encontro cultural entre equipe e famílias imigrantes destacou a importância da flexibilidade e do diálogo na busca por soluções que promovam o bem-estar e a humanização do cuidado. A Psicologia desempenhou um papel central como mediadora nesse processo, contribuindo para a compreensão mútua e para o fortalecimento dos vínculos interpessoais na UTI Neonatal.