Introdução: A origem anômala da artéria coronária no seio aórtico oposto é uma cardiopatia congênita de baixa incidência, porém com alto risco de morte súbita.
Objetivo: Relatar um caso de anomalia coronariana congênita e discutir sobre diagnósticos diferenciais de dor torácica na emergência.
Métodos: Trata-se de um relato de caso. Os dados foram obtidos por meio de prontuário eletrônico e entrevista com o paciente.
Relato de caso: Paciente masculino, 28 anos, procurou atendimento devido episódio de dor torácica precordial, em queimação, de moderada intensidade, sem irradiação, sem sintomas associados, com duração de dez minutos, desencadeada após jogo de futebol, com melhora ao repouso. Negava episódios prévios de angina, síncope ou dispneia. No momento da admissão encontrava-se assintomático e sem alterações ao exame físico. Negava etilismo e tabagismo, cirurgias prévias e antecedentes familiares de doenças cardiovasculares. Como comorbidades relatava história de ansiedade e doença dispéptica. Negava uso de medicações contínuas. Eletrocardiograma sem alterações significativas e troponinas negativas, sem curva. Desta forma, conduzido como angina instável de baixo risco, sendo optado por estratificação não invasiva com angiotomografia coronariana (ATC), que revelou: origem anômala da artéria coronária direita com saída do seio coronariano esquerdo e trajeto anômalo entre a aorta e o tronco da artéria pulmonar. Devido risco de morte súbita pelo trajeto maligno, foi encaminhado para avaliação de tratamento cirúrgico.
Discussão: A apresentação clínica das anomalias coronarianas pode se manifestar por síncope e dor torácica ao exercício, entrando portanto no diagnóstico diferencial de quadros de precordialgia na emergência, especialmente em pacientes com baixa probabilidade para doença aterosclerótica. O tratamento cirúrgico das anomalias coronarianas é indicado em pacientes com trajeto interarterial e presença de isquemia, porém o impacto na sobrevida permanece incerto. Já o manejo dos pacientes assintomáticos deve ser individualizado.
Conclusão: Trata-se de caso relevante pois o paciente em questão apresentava precordialgia com características típicas de angina, mas devido seu baixo risco cardiovascular foi optado por estratificação não invasiva com ATC, que possibilitou o diagnóstico da anomalia coronariana.