Importância da reabilitação cardiovascular na cardiopatia isquêmica: relato de caso
Introdução: A reabilitação cardiovascular (RCV) com exercício supervisionado é parte da terapêutica da insuficiência cardíaca e dos indivíduos portadores de doença arterial coronária estáveis, sendo considerada benéfica e eficaz. Relato de Caso: MVRB, 61anos, sexo masculino, com antecedentes de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus, apresentou infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST em parede anterior. Submetido logo após admissão à cateterismo cardíaco que evidenciou oclusão da artéria descendente anterior e lesões discretas na coronária direita e ramo descendente posterior, sendo realizada angioplastia com stent na artéria culpada. O ecocardiograma (ECO) evidenciava fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) de 49% e hipocinesia da parede anterosseptal. Recebeu alta para acompanhamento ambulatorial e otimização da terapia farmacológica. Iniciada RCV após 25 dias do evento, estando o paciente em classe funcional II pela New York Heart Association (NYHA). As sessões tinham duração de uma hora, 3 vezes na semana. Os exercícios aeróbicos tinham duração de 30 minutos e foram realizados com intensidade entre os limiares ventilatórios determinados no teste cardiopulmonar de exercício (TCPE). Os exercícios de resistência foram realizados conforme a percepção subjetiva de esforço, sendo 3 séries de 10 repetições para cada grupo muscular. Após 6 meses, realizado ECO que evidenciou FEVE de 65%, sem alteração segmentar, e novo TCPE que evidenciou melhora do consumo de oxigênio em 11%, maior carga e distância caminhada, além de melhor eficiência na captação periférica de oxigênio e melhora de marcadores de mau prognóstico. O paciente segue em acompanhamento cardiológico, em classe funcional I (NYHA) em fase domiciliar do programa de reabilitação. Discussão: O exercício físico regular nos portadores de doença arterial coronária estável está associado a melhora da aptidão cardiorrespiratória, como visto no caso relatado, sendo esse um dos fatores responsáveis pela redução de mortalidade. No caso o paciente iniciou RCV após evento agudo, com melhora da aptidão, melhora da FEVE, evidenciando remodelamento cardíaco reverso, e melhora de marcadores prognósticos (VE/VCO2 slope, OUES e tempo de recuperação do VO2). A RCV é custo-efetiva e deve ser terapia adjuvante nos portadores de doença arterial coronária. Considerada a relevância da RCV impõe-se a adoção de estratégias que favoreçam a disseminação de programas estruturados.
