No prolapso da valva mitral (PVM) as abas da valva não se fecham uniformemente, podendo resultar em regurgitação e até insuficiência cardíaca. Os sintomas: fadiga, palpitação, síncope, arritmia, dor precordial, tontura e dispneia podem prejudicar o desempenho físico, sob risco de morte súbita e outras complicações. Porém, a prática de exercícios aeróbicos leves e adequados é capaz de trazer benefícios aos pacientes com PVM. Mas, são poucos os estudos que descrevem quais tipos de exercícios e com qual intensidade seriam mais adequados.
Para a revisão bibliográfica com caso piloto foram utilizadas as principais bases de dados com os descritores relacionados a PVM e atividade fisica e um paciente, sexo masculino, 32a, 71,5Kg, 1,75m, sem arritmias malignas ou graves. Ele foi submetido a um programa supervisionado (prática telemonitorada, plataforma WIKI4FIT), desenvolvido especificamente para esse estudo, durante 12 semanas. A FC (como parâmetro do condicionamento fisico) antes e após o programa foi avaliada através do Holter 24h e do teste ergométrico.
Através dos critérios de inclusão e exclusão, foram elegíveis para avaliação pelo sistema PICO, dois artigos prospectivos no periodo de 10a. E ambos demonstraram a segurança da atividade fisica nos portadores de PVM e uma melhora significativa na qualidade de vida e sintomas. A partir do programa criado, analisou-se os parâmetros do teste ergométrico, como FC máxima antes (188 bpm) e após (187 bpm) o treinamento. No Holter 24h observou-se uma FC (pré-pós treinamento) máxima (150 - 128 bpm), mínima (46 - 50 bpm) e média (77 - 77bpm). O paciente apresentou uma redução de 14,7% na FC, demonstrando uma melhora do condicionamento fisico, sem exceder a demanda cardiorrespiratória, acima do limiar leve-moderado, estipulado pelo protocolo. Percebeu-se um aumento de carga ao longo do protocolo, sem o aparecimento de efeitos adversos e com relato de melhora qualidade de vida, avaliado pelo questionário WHOQOL-bref.
A revisão bibliográfica e o estudo piloto com a aplicação de um programa específico de treinamento demonstrou que a pratica de atividade fisica pelos portadores de PVM é segura e melhora o condicionamento e a qualidade de vida desses pacientes. Os resultados encorajam a realização de novos trabalhos com um número maior de voluntários para validar o protocolo de exercício utilizado e para que seja garantida a segurança e a eficácia da realização de atividade física pelo portador de PVM.