Introdução: no Brasil, vivenciamos o aumento expressivo de pessoas idosas, com envelhecer profundamente desigual. Consideradas as dimensões de classe, gênero e raça/etnia, verifica-se que a velhice é uma experiência que se processa de forma diferente entre os indivíduos, tanto nos aspectos sociais e econômicos, como nas condições de vida, cenário que exige o investimento em políticas públicas para prestar assistência à essa população. O município de São Paulo possui cerca de dois milhões de pessoas com mais de 60 anos, despertando a atenção, sobretudo, nas condições de saúde dos idosos. Em 2019, foi instituída a RASPI (Rede de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa), composta por serviços de saúde específicos para o atendimento desse público e configurada como importante estratégia de cuidados, pois 75% das pessoas idosas utilizam exclusivamente o SUS (Sistema Único de Saúde) para tratamento da saúde. Esta pesquisa tem como objetivo analisar a construção e execução da RASPI enquanto mecanismo de acesso ao direito da pessoa idosa à saúde pública na capital paulista. Métodos: trata-se de pesquisa bibliográfica e documental em fontes públicas, fundamentadas na perspectiva crítica marxista, recorrendo à totalidade social enquanto perspectiva de análise. Resultados: no município de São Paulo, as pessoas idosas representam 16,9% da população, concentradas majoritariamente nas macrorregiões leste e sul, regiões consideradas com maiores taxas de vulnerabilidade social e territórios mais precários em relação à infraestrutura urbana, oferta de serviços e segurança dos domicílios. Acerca da RASPI, embora considerada um importante norteador na assistência prestada à população idosa focada para além das doenças, mas na integralidade, intersetorialidade e ampliação das perspectivas da multidimensionalidade, há inseguranças acerca das estruturas e possibilidades de acesso aos serviços sociais, de cuidado e proteção social dessa população, uma vez que ainda são observadas as deficiências e entraves na efetivação do direito da pessoa idosa no acesso à saúde. Conclusões: espera-se, com este estudo, contribuir com uma análise crítico-dialética da temática do envelhecimento na cidade São Paulo e o acesso à rede de cuidados em saúde, possibilitando expressar subsídios aos agentes formuladores de políticas públicas.