INTRODUÇÃO: A privação dos hormônios ovarianos promove alterações morfológicas e funcionais cardíacas caracterizadas, principalmente, pelo aumento da fibrose. Por sua vez, o treinamento físico aeróbio (TFA) promove adaptações que antagonizam os danos causados pela privação dos hormônios ovarianos, inclusive atenuando o aumento da fibrose cardíaca. No entanto, os mecanismos intracelulares envolvidos nesses processos não estão definidos. Nossa hipótese é que envolva a participação da calpaína-1 (CPN-1) e metaloproteinase-2 (MMP-2). Portanto, o objetivo do estudo foi investigar em ratas ovariectomizadas se o aumento da fibrose cardíaca está associada com a expressão de CPN-1 e MMP-2, assim como se os efeitos do TFA envolvem a modulação dessas proteases. MÉTODOS: 64 ratas Wistar Kyoto (18 semanas) foram divididas em dois grupos; ovariectomizadas (N=32) e submetidas à cirurgia SHAM (N=32) - (). Metade de cada grupo foi submetida ao TFA durante 14 semanas por meio de sessões diárias de 45 minutos. Os protocolos experimentais envolveram avaliação morfofuncional cardíaca por meio de ecocardiografia bidimensional; análise da reatividade do leito coronariano e da contratilidade cardíaca em coração isolado por meio da técnica de Langendorff; análise histológica para quantificação de fibrose; e a expressão de MMP-2 e CPN-1 pela técnica de Western Blot. Os grupos foram comparados por ANOVA de duas vias e pelo modelo multivariado de medidas repetidas, com comparações post-hoc realizadas quando apropriado. P<0.05 definiu diferenças estatisticamente significativas. RESULTADOS: A ovariectomia promoveu maior ganho de massa corporal e redução na massa relativa do coração em relação a cirurgia SHAM, efeitos que foram atenuados pelo TFA. Por sua vez, a elevação da massa do VE, da espessura do septo intraventricular e do diâmetro do VE em sístole e em diástole não foram modificados pelo TFA. A análise histológica evidenciou elevação do percentual de fibrose em decorrência da privação dos hormônios ovarianos, acompanhada pelo aumento da expressão de MMP-2 e CPN-1, efeitos que foram suprimidos pelo TFA. Por fim, a avaliação em coração isolado demonstrou elevados valores de dP/dTmáx e dP/dTmín nos animais ovariectomizados, efeitos que também foram prevenidos pelo TFA. CONCLUSÃO: A ovariectomia causou alterações morfofuncionais cardíacas que foram acompanhadas pelo aumento da fibrose e da expressão de CPN-1 e MMP-2. Por sua vez, tais efeitos foram atenuados pelo TFA, o que envolveu a redução da fibrose e da expressão de CPN-1 e MMP-2 no ventrículo esquerdo.