Fundamento: O infarto do miocárdio com artérias coronárias não obstrutivas (MINOCA) é um evento clínico de prognóstico indefinido. Ainda não há consensos ou diretrizes que elucidem completamente o manejo destes pacientes. Além disso, nos últimos anos a razão neutrófilo-linfócito (RNL) tem sido utilizada para predizer prognósticos desfavoráveis em diversas enfermidades, porém seu papel na MINOCA não está esclarecido.
Objetivo: Analisar o perfil clínico, manejo e desfecho de pacientes com MINOCA, associando a RNL ao prognóstico.
Métodos: Foram incluídos pacientes > 18 anos, com sintomatologias de infarto agudo do miocárdio (IAM), marcadores de necrose miocárdica ou alterações eletrocardiográficas que indiquem lesão e que realizaram cateterismo cardíaco resultando em um grau de estenose < 50% ou coronárias isentas de ateromatose. Sendo excluídos pacientes com prontuários incompletos/inconclusivos e/ou que apresentassem patologias mimetizadoras. Os dados desta pesquisa foram tabulados em uma planilha Excel e, após, organizados e analisados no softwareStatistical Package for the Social Sciencies (SPSS). Na análise descritiva os dados foram expressos por média e desvio-padrão (±DP) ou número absoluto e porcentagem.
Resultados: Os 72 indivíduos eram 54,2% mulheres, com idade de 56,5±15,4 anos, 66,2% com sobrepeso ou obesidade e 62,5% portadores de hipertensão arterial sistêmica. Em relação a raça, foi observado predomínio de brancos (91,7%), sendo necessário considerar que há uma maior prevalência de brancos na região da pesquisa. Foi identificado a presença de dor torácica (97,2%) em aperto (47,2%) com troponina elevada (88,9%). O hemograma demonstrou uma média alta de neutrófilos 8.075,0±4.000,0, com linfócitos na faixa normal, porém a relação neutrófilo/linfócito foi de 5,0±4,2. Já o tratamento, foi conduzido em sua maioria como um quadro de IAM, utilizando principalmente antiagregante (98,6%), estatina (94,4%) e betabloqueador (80,6%). Em 94,4% dos casos o desfecho final foi alta hospitalar, mas os 5,6% que evoluíram a óbito sucederam-se após um quadro deparada cardiorrespiratória (PCR) em assistolia e/ou taquicardia ventricular.
Conclusão: A mortalidade foi considerada baixa, levando em consideração a amostra limitada, porém os óbitos foram associados diretamente a PCR. A investigação etiológica não se fez presente, levando a um tratamento inespecífico. Pacientes com MINOCA também apresentaram uma RNL mais elevada do que a população em geral, devendo-se considerar o fator limitante de idade nesta relação antes de afirmar superioridade em algum grupo.