Introdução: Pacientes submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) são considerados de muito alto risco cardiovascular, tornando o controle de fatores de risco e tratamento medicamentoso imprescindíveis na prevenção de eventos futuros. Apesar do benefício inequívoco da prevenção secundária já ter sido demonstrado em diversos estudos, sua prática é dificultada por falhas de acesso, de educação em saúde e de adesão ao tratamento prescrito. Objetivo: Avaliar, em cinco anos, o uso do tratamento medicamentoso preconizado para prevenção secundária e obtenção de metas de pressão arterial, perfil lipídico, controle de diabetes melito e cessação de tabagismo em pacientes submetidos à CRM em hospital terciário de cardiologia do Brasil. Métodos: Coorte histórica, baseada em banco de dados, registro de prontuário médico e contato telefônico, de pacientes submetidos à CRM isolada em 2015 e acompanhados em ambulatório de hospital terciário de cardiologia, São Paulo, Brasil, por cinco anos. Resultados: Em 2015, 457 pacientes foram submetidos à CRM e prosseguiram com acompanhamento ambulatorial na instituição. Foi observado o uso de antiagregantes plaquetários em quase 100% da amostra, uso de inibidores da enzima de conversão de angiotensina ou bloqueadores de receptores de angiotensina em mais de 80%, estatinas em mais de 94% e betabloqueadores em mais de 89% dos pacientes em todo o seguimento. Houve uma queda gradual do uso de sinvastatina e aumento do uso de estatinas de alta potência, com 70% dos pacientes utilizando atorvastatina ou rosuvastatina no quinto ano de acompanhamento. Aproximadamente 50% dos diabéticos estavam com hemoglobina glicada abaixo de 7%, o melhor controle de LDL-c foi observado no último ano do seguimento, com apenas 18,6% da amostra com níveis menores que 55 mg/dL e o melhor controle pressórico no primeiro ano após CRM, com 34,2% dos pacientes com níveis pressóricos < 130x80 mmHg. Houve uma redução gradual do tabagismo no decorrer do tempo, com apenas 3,7% de tabagistas após cinco anos.
Conclusão: A despeito do uso de medicações ter sido realizado de forma consistente, a obtenção de metas de perfil lipídico, pressão arterial e diabetes melito ainda permanece um desafio. Desta forma, torna-se necessária a elaboração de estratégias de otimização da prevenção secundária, objetivando um melhor controle de comorbidades e redução de eventos cardiovasculares futuros em pacientes de muito alto risco cardiovascular submetidos à CRM.