Introdução
Após a pandemia de COVID-19, é importante saber como os diferentes sistemas acometidos se recuperam e em quanto tempo pode haver melhora para aqueles que necessitaram de internação hospitalar.
Tivemos como objetivo acompanhar destes pacientes por 6 meses após alta para avaliação da evolução após a fase aguda da COVID-19.
Metodologia
Estudo clínico prospectivo observacional e longitudinal com 44 pacientes internados por COVID-19 e não vacinados, acompanhados com 1, 3 e 6 meses de alta hospitalar e submetidos a avaliação clínica, ecocardiograma, espirometria, teste de caminhada de 6 minutos (TC6’) e questionários de qualidade de vida.
Resultados
Os resultados mostraram efeito do tempo após alta com diferença estatisticamente significante no Strain global (p=0,045) e nos valores de BORG de dispneia após o TC6’ (p=0,007) quando comparamos os resultados do 1º e 6º mês após alta.
A espirometria apresentou diferença relevante na Capacidade Vital Forçada (CVF) (p=0,05), Porcentagem do Predito na CVF (p=0,011), Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (VEF1) (p=0,021), Porcentagem do Predito na VEF1 (p=0,015) entre 1 e 6 meses após a alta, além de haver diferença na Capacidade Vital Lenta (CVL) (p=0,002) e Porcentagem do Predito na CVL (p=0,001) entre 1 e 3 meses de alta.
O Questionário de Qualidade de Vida SF-36 apresentou diferença significante apenas com relação à Limitação de Aspectos Físicos (p=0,02) entre 1 e 3 meses após a alta.
Discussão
Os resultados mostraram melhora significativa ao longo do tempo, porém o que torna os resultados mais relevantes é a diferenciação de variáveis que apresentam melhora tardia daquelas que melhoram antes.
A CVL e sua porcentagem do predito apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre 1 e 3 meses (p=0,028 e 0,022, respectivamente) e 1 e 6 meses após alta (p=0,005 e 0,004, respectivamente) mas não entre 3 e 6 meses, sugerindo melhora predominantemente nos primeiros 3 meses após alta, assim como a Limitação de aspectos físicos do Questionário SF-36 (p=0,031).
Já o Strain Global, BORG de dispneia após TC6’, CVF e sua porcentagem do predito, VEF1 e sua porcentagem do predito, apresentaram melhora gradual dos valores encontrados, sugerindo evolução lenta ao longo dos 6 meses de acompanhamento, sem resultados significativos até o 3º mês de avaliação mas com diferença significativa quando comparou-se o 1º e o 6º mês de alta.
Conclusão
Conclui-se, portanto, que a melhora de alguns parâmetros ocorre de forma lenta e com velocidades diferentes entre eles.