Introdução: A entidade MINOCA (do inglês: myocardial infarction with non-obstructive coronary arteries) vem sendo tema de diversos estudos desde que o termo foi usado pela primeira vez, em 2013. Trata-se de um infarto agudo do miocárdio (IAM), sem evidência de obstruções coronarianas epicárdicas >50%. Apesar de existir menor associação a fatores de risco cardiovasculares clássicos, ainda não está definido se os desfechos são similares ou de menor gravidade aos encontrados no IAM tipo 1.
Objetivos: objetivo primário foi um desfecho composto de morte cardiovascular, IAM não fatal, acidente cerebrovascular (AVC) não fatal e re-hospitalização, avaliados nos grupos MINOCA e infarto tipo 1. Os objetivos secundários foram taxa de re-hospitalização, IAM, AVC e morte intrahospitalares.
Métodos: estudo observacional retrospectivo, caso controle aninhado, com análises multivariadas. Foram avaliados 2022 pacientes, no período entre 2018 e 2022. O teste qui-quadrado foi utilizado para avaliar a associação entre variáveis categóricas e, a regressão log-binomial, utilizada para estimar o risco relativo, identificando preditores significativos das variáveis de desfecho.
Resultados: pacientes com MINOCA eram significativamente mais jovens (30% x 5,2%), predominantemente do sexo masculino (57,5% x 31,5%), menos propensos a obesidade (17,5% x 72,3%), hipertensão (57,5% x 76,8%) e diabetes (20% x 43,2%). A taxa de reinternação foi menor em pacientes que tiveram MINOCA (10% x 19,7%, p = 0,045). Em relação ao desfecho composto, foi menor em pacientes com MINOCA (15% x 27,8%, p = 0,017).
Conclusões: MINOCA está relacionada a menos reinternação, morte, AVC e IAM não fatais. Não houve diferença estatística entre IAM, AVC e morte intrahospitalares nos grupos estudados.