Introdução: Com o aumento da sobrevida dos pacientes oncológicos, a cardiotoxicidade decorrente das terapias antineoplásicas se tornou uma alteração com importante morbimortalidade. Portanto, é necessário estudar maneiras de detectar a disfunção cardíaca precocemente.
Objetivo: Análise de outros parâmetros ecocardiográficos, além da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), objetivando a detecção precoce de lesão cardíaca no tratamento oncológico.
Método: Estudo transversal realizado em um hospital terciário no Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Foram analisados os laudos dos ecocardiogramas transtorácicos dos pacientes submetidos às terapias antitumorais. Os parâmetros estudados foram: sobrecarga do átrio e ventrículo esquerdo (SVE), FEVE, disfunção diastólica (DD), estenose e insuficiência das quatro valvas cardíacas, hipertensão pulmonar, derrame pericárdico, remodelamento ou hipertrofia de ventrículo esquerdo (HVE).
Resultados: Foram incluídos 96 pacientes dos quais quinze apresentaram cardiotoxicidade. Os parâmetros que demonstraram associação estatística significativa com cardiotoxicidade foram: SVE, DD grau 4 e HVE excêntrica . Pacientes que possuem DD grau 4 tiveram razão de probabilidade 12 vezes maior em desenvolver cardiotoxicidade na análise multivariada. Já a SVE apresentou probabilidade em 3,6 vezes e HVE excêntrica demonstrou 3,7 vezes maior probabilidade para desenvolver cardiotoxicidade.
Conclusão: A presença de sobrecarga de ventrículo esquerdo, hipertrofia excêntrica ventrículo esquerdo e disfunção diastólica grau 4 são alterações ecocardiográficas que predizem cardiotoxicidade em pacientes em tratamento oncológico. Tais parâmetros devem ser analisados com cautela, a fim de evitar a evolução desfavorável iminente.
