Introdução: Recentemente nosso grupo mostrou que pacientes com COVID longa apresentam sequelas cardiovasculares de médio prazo, tais comodisfunção neurovascular e capacidade física atenuada. Contudo, se essas alterações cardiovasculares estão presentes em longo prazo são completamente desconhecidas.
Métodos: Dezoito pacientes com COVID longa (Idade: 49±8anos e IMC: 30.80±3.58 Kg/m2) e dezenove controles (Idade: 44±9anos e IMC: 29.36±4.55 Kg/m2) bem pareados foram arrolados para o estudo. Atividade nervosa simpática muscular (ANSM, Microneurografia), dilatação mediada pelo fluxo da artéria braquial (DMFBA, Ultrassom-Doppler), espessura médio-intimal de carótida (IMTCa , Ultrassom-Doppler), velocidade de onda de pulso carótida-femoral (VOPCF, Tonometria de aplanação), pressão arterial sistólica e diastólica (PAS e PAD, semiautomático), frequência cardíaca (FC, Eletrocardiograma) e consumo oxigênio de pico (V̇O2pico, ergoespirometria) foram mensurados. Além disso, marcadores circulantes de estresse oxidativo (carbonilas, NADPH, SOD e FRAP ), vesículas celulares de derivadas de células endoteliais (VECEs) e angiotensina II (Ang II) foram mensurados em amostras de plasma.
Resultados: Os pacientes com COVID longa foram estudados 26±2meses após a infecção aguda pelo SARS-CoV-2.. Enquanto ANSM (frequência e incidência, p<0,001 para ambos), VOPCF( p<0,0007), FC ( p< 0.03) e IMTCa foram maiores na COVID longa do que nos controles, DMFBA (p<0.03) e VO2 pico (p<0.015) foram menores. Interessantemente, as VECEs (p=0.02) e as carbonilas (p=0.0003) foram maiores na COVID longa do que nos controles e SOD e FRAP foram menores (p<0.05 para ambos). Não houve diferença entre os grupos para PAS, PAD e Ang II. V̇O2picofoi inversamente associado com ANSM (p<0.002) e diretamente associada com DMFAB (p<0.03)
Conclusão Nossos achados revelaram que pacientes com COVID longa exibem hiperativação neural simpática, disfunção vascular, capacidade de exercício reduzida e aumento nos níveis circulantes de VECEs e estresse oxidativo, mesmo após 2 anos do diagnóstico da COVID. Portanto, é urgente estabelecer estratégias terapêuticas (por ex: reabilitação com exercício físico) para restaurar ou aliviar as sequelas cardiovasculares de longo prazo, em pacientes com COVID longa.
Palavras-chaves: Atividade nervosa simpática, COVID-19, função endotelial, rigidez arterial central.