Introdução: Pacientes com COVID longa têm um risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares, na qual parece ser explicado, em parte, por hiperativação neural simpática, disfunção vascular e capacidade de exercício atenuada. Portanto, propor estratégias que possam reverter essas alterações cardiovasculares é urgente. Objetivos: Testar se o treinamento muscular inspiratório de alta resistência [TMIAR à 75% da pressão inspiratória máxima (PImáx)] reduz a atividade nervosa simpática muscular (ANSM), melhora a função endotélio-dependente, reduz o enrijecimento arterial aórtico e a pressão arterial média (PAM) e aumenta a tolerância ao esforço físico nesse grupo de pacientes. Métodos: Nós executamos um ensaio clínico, randomizado, duplo-cego, controlado por sham (NCT06091384) para testar os efeitos de 6 semanas de TMIAR (30 respirações/dia, 6 dias/semana à 75% PImáx) versus treinamento sham (30 respirações/dia, 6 dias/semana à 15% PImax) sobre diferentes desfechos cardiovasculares, em pacientes com COVID longa. A PImáx (Manovacuometria), ANSM (Microneurografia), a dilatação mediada pelo fluxo da artéria braquial (DMFAB, Ultrassom-Doppler), velocidade de onda de pulso carótida femoral (VOPCF, tonometria de aplanação), pressão arterial sistólica e diastólica (PAS e PAD, Sistema semiautomático), frequência cardíaca (FC, ECG) e consumo de oxigênio de pico e no limiar anaeróbico (VO2pico e VO2LA, teste de exercício cardiopulmonar) foram mensurados antes e após 6 semanas de treinamento. Resultados: Trinta e dois pacientes completaram o estudo, sendo 17 no grupo TMIAR (Idade: 48.1 ± 9.96 anos e IMC: 31.9±5.2Kg/m2) e 15 no grupo Sham (Idade: 51.7 ± 10.56 anos e IMC:33.4 ±5.5Kg/m2). TMIAR reduziu a frequência e a incidência de ANSM (p<0,001 para ambos), PAS (p=0.02), PAD (p=0.04) e PAM (p<0.01) e, aumentou a DMFAB (p<0.05) e a PImáx (p<0.001). O TMIAR aumentou a carga e o tempo de pico do esforço (p<0.05), mas não o VO2pico e VO2LA (p>0.05). Além disso, o TMIAR não modificou a VOPCF e FC (p>0.05). No grupo sham, nenhuma mudança foi observada nos parâmetros estudados. Conclusão: Coletivamente, nossos achados indicam que o TMIAR reduz a ANSM e PA, aumenta a PImax, melhora a função endotelial e melhora a tolerância ao esforço físico em pacientes com COVID longa, se colocando como uma estratégia promissora para restaurar a saúde cardiovascular desse grupo de pacientes. Contudo, ensaios clínicos maiores são necessários para confirmar nossos achados.
Palavras-chaves:COVID longa, atividade simpática, endotélio, treinamento muscular inspiratória de alta resistência.