INTRODUÇÃO A hipertensão arterial resistente(HAR) pressupõe maior risco cardiovascular e metas rigorosas para o controle da pressão arterial(PA). Pacientes com HAR têm maior prevalência do efeito do avental branco(EAB) - diferença entre a PA de consultório e a PA fora do ambiente médico pela monitorização ambulatorial da pressão arterial(MAPA). Por isso, encontrar métodos diagnósticos de menor custo, mais disponíveis, não influenciáveis pelo EAB e que auxiliem na definição de metas pressóricas e na titulação medicamentosa é uma demanda. Este estudo transversal visa confirmar e quantificar o EAB, pela MAPA, em duas modalidades: a PA de consultório e a medida automática da PA sem a presença de profissional de saúde, nos pacientes com HAR.
MÉTODOS Foram selecionados consecutivamente, 46 pacientes adultos, com diagnóstico confirmado de HAR e excluídas causas secundárias de hipertensão. A MAPA e as duas modalidades de aferição da PA foram realizadas conforme a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2020, em período inferior a 14 dias entre elas. As medidas da PA no consultório foram realizadas com o aparelho OMRON HEM-7122 e as três medidas automáticas da PA sem profissional da saúde foram realizadas em sala silenciosa, com o aparelho OMRON HEM-7349T e com intervalo de um minuto entre elas.
ANÁLISE ESTATÍSTICA Os dados foram expressos em médias e desvio-padrão e foram utilizados testes paramétricos e não paramétricos. Para verificação de significância, foram considerados intervalos de confiança de 95%/p<0,05.
RESULTADOS Nos pacientes no estudo, 67% eram mulheres, média de 61,1± 10,7 anos e 80,4% apresentavam, ao menos, uma das seguintes: diabetes, obesidade e dislipidemia. Ademais, 76% estavam em uso de quatro ou mais anti-hipertensivos. Na comparação do EAB utilizando a PA de consultório, 58% tiveram EAB significativo com diferença entre as PA sistólicas e diastólicas de 28,5±8,2 e 14,1±4,3mmHg, respectivamente. No EAB utilizando os valores de medida sem profissional, 18% tinham EAB significativo com diferença entre as PA sistólicas e diastólicas de 24±2,44 e 14,4±4,3mmHg, respectivamente. Os coeficientes de correlação de Pearson estão descritos na tabela em anexo.
CONCLUSÕES A medida da PA sem profissional minimizou o EAB quando comparada à medida de consultório e demonstrou melhor correlação com os valores da MAPA. Nesse contexto, esse estudo é importante para trazer uma nova possibilidade de medida em consulta, mas sem o profissional de saúde, e validar o uso do método na prática clínica para estipulação de metas e titulação medicamentosa adequada.