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RELATO DE CASO – A IMPORTÂNCIA DO ECOCARDIOGRAMA NA CARDIOPATIA CARCINOIDE

Marjorie Pontes Barioni, Yasmin Calegari Facchinetti , Leonardo Mello Guimarães de Toledo, Liria Maria Lima da Silva, Hugo Ribeiro Ramadan, Thaysa Louzada Carvalho
INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA - - SP - BRASIL

INTRODUÇÃO: A síndrome carcinoide (SC) é uma manifestação paraneoplásica de um tumor neuroendócrino. Há comprometimento cardíaco em 50% das SC, sendo chamada de cardiopatia carcinoide (CC).A fisiopatologia consiste em secreção de mediadores neuroendócrinos pelo tumor, principalmente serotonina, gerando fibrose das valvas cardíacas predominantemente à direita, já que tais substâncias são inativadas no pulmão. O lado esquerdo do coração é acometido em 10% dos casos na presença de condições específicas, como forame oval patente. 

RELATO DE CASO: Mulher, 68 anos, hipertensa, deu entrada com queixa de dor torácica, dispnéia e fadiga. Realizada cintilografia miocárdica para investigação da dor, apresentando resultado negativo para isquemia, porém com presença de dilatação do ventrículo direito (VD).Realizou-se ecocardiograma transtorácico (ETT), evidenciando-se retração, imobilidade e falha de coaptação entre as cúspides da valva tricúspide, associado a refluxo torrencial (Fig1); além de refluxo moderado em valva pulmonar, dilatação importante das câmaras direitas e disfunção sistólica discreta do VD. Observou-se imagem nodular no fígado, medindo 10x9cm, sugestiva de neoplasia(Fig2).Suspeitando-se de SC, uma tomografia de abdome com contraste foi realizada, identificando-se lesões no rim direito e no fígado, compatíveis com neoplasia. Realizou-se biópsia da massa no fígado com resultado de tumor neuroendócrino bem diferenciado grau 2 metastático com provável sítio primário em trato gastrointestinal.

DISCUSSÃO:A SC se apresenta inicialmente com sintomas de dispneia e fadiga entre 50-70 anos, como visto na nossa paciente. Outros sintomas são flush facial, diarreia, hipotensão, podendo haver CC como complicação. A investigação laboratorial de CC consiste em dosar pró-BNP e serotonina sérica. Como a paciente apresentou dilatação de câmaras direitas na cintilografia, foi realizado ETT e, na vigência de hipótese de SC, realizada dosagem de serotonina sérica com valor 1226 (VR até 206). Na CC, o ETT mostra regurgitação e estenose, principalmente da valva tricúspide, devido a fibrose de valva, músculos papilares e cordas tendíneas. O refluxo tricuspídeo importante ocorre em 90% dos casos e refluxo pulmonar em 81%.

CONCLUSÃO: Geralmente, a CC é reconhecida tardiamente quando os pacientes já se tornaram sintomáticos. Portanto, é necessário rastrear características no ETT sugestivas de CC, de forma que mais pacientes oligossintomáticos possam se beneficiar da investigação e diagnóstico precoces, uma vez que o prognóstico da doença é desfavorável na maioria dos casos.

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