Introdução: As doenças cardíacas congênitas (DCC) representam uma anormalidade estrutural do coração ou dos grandes vasos, tendo origem embrionária. Causam grande impacto na qualidade de vida, manifestações clínicas e no prognóstico desses pacientes. Além disso, estima-se que 80% dos nascidos com essa condição precisarão de cirurgia cardíaca, contudo, cerca de 13 mil crianças não recebem tratamento apropriado devido, provavelmente, a subnotificação e subdiagnóstico. Logo, o objetivo deste trabalho foi analisar a incidência de nascidos vivos com cardiopatias congênitas no Brasil, no período de 2012 a 2022.
Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico, transversal, descritivo, baseado em dados sobre Nascidos Vivos- desde 1994, tabulados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Os dados analisados correspondem ao período de 2012 a 2022, com buscas sobre “Nascidos vivos” e “Anomalia ou defeito congênito em Nascidos Vivos”, de ambos os sexos, em buscas estratificadas por região geográfica do país.
Resultados: Entre 2012 e 2022, houve um total de 31.351.324 nascidos vivos no Brasil, sendo a maioria da Região Sudeste com 12.250.802 nascimentos (39,07%), seguida da Região Nordeste com 8.834.845 registros (28,18%). Desse total de nascidos vivos, 2.913 foram diagnosticados com doenças cardíacas congênitas (0,009%), com evidente crescimento de casos notificados ao longo do período: 2012 houveram 151, 2017 foram 279 e 2022 com 387 notificações. Nesse sentido, nota-se um predomínio de diagnósticos de DCC na Região Sudeste, especialmente a partir de 2020, com 91 casos a mais que em 2019 (aumento de 60%). Assim, o estado de São Paulo foi o que mais registrou recém nascidos com anomalias cardíacas, com 1.349 notificações (46,30% dos casos no país), seguido de Minas Gerais com 231 (7,92%) e Rio Grande do Sul, com 220 casos (7,55%). Dentre os estados com menores registros de DCC, durante o intervalo de tempo observado, estão o Amapá, Roraima e Acre com 1, 3 e 4 casos, respectivamente.
Conclusão: Observou-se uma tendência de crescimento no diagnóstico de doenças cardíacas congênitas durante o período analisado, com o dobro de registros em 2022 quando comparado com o ano de 2012. Ademais, evidenciou-se que a Região Sudeste teve o maior número de casos notificados, com o estado de São Paulo na liderança, contrapondo com a Região Norte, com as menores taxas de DCC, provavelmente devido a maior densidade de nascidos vivos, ao melhor acesso as tecnologias diagnósticas e serviços de saúde no sudeste do país em comparação com as demais regiões.