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HIV e risco cardiovascular: devemos rever como abordar?

Ana Cristina de Souza Murta, Eduardo R. Lagonegro, Yoná A. Francisco, Larissa V. R. Bruscky, Mauri A. da S. Ferreira, Edileide de B.Correia, Marcos O. Vaconcellos, Eduardo M. Sassaki
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia - São Paulo - SP - Brasil, Centro de Referência IST/Aids - São Paulo - SP - Brasil

Na prática clínica, o cardiologista se depara com pacientes que convivem com o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Pesquisas indicam um aumento de doenças cardiovasculares (CV), que são as principais causas de morte nesse grupo. A terapia antirretroviral (TARV) contribuiu para a diminuição da morbimortalidade associada ao HIV/AIDS, porém observado um aumento na incidência de fatores de risco CV, tanto entre os em uso da TARV quanto nos sem. Os estudos Start e Smart possuem importância na avaliação do risco CV em indivíduos com HIV, pois proporcionaram uma compreensão mais clara da relação entre a presença do vírus e o uso da TARV. Por outro lado, o estudo Reprieve demonstrou benefícios surpreendentes em pacientes que recebiam estatina, com redução de 35% nos eventos CV adversos graves, gerando o término prematuro do grupo placebo. Métodos: Realizou-se uma pesquisa retrospectiva e observacional com uma amostra de 148 pacientes vivendo com HIV em um Centro de Referência de IST/AIDS (CR) em São Paulo, Brasil, no período de 01 de janeiro de 2011 a fevereiro de 2023. Incluídos pacientes maiores de 18 anos, selecionados por sorteio através do número de matrícula. Discussão: Comparado os dados do CR com os de Start e Smart na tabela 1, sendo detalhadas as características da amostras, enquanto na tabela 2 apresentados os fatores de risco CV. A carga viral apresentou variação entre os estudos, sendo a média no CR de 500.000 cópias/ml, 12.759 cópias/ml no Start e inferior a 400 cópias/ml no Smart. A dislipidemia e o dano endotelial estão associados ao HIV, sendo propostos como causas do aumento do risco de eventos cardiovasculares, e a replicação do HIV é determinante na disfunção endotelial. Diferentemente das informações da literatura, todos os pacientes do CR com cardiopatia mantinham carga viral indetectável e contagem de células CD4+ acima de 500 células/mm³. Conclusão: no CR a taxa de eventos CV foi de 1,3%, no entanto este índice baixo deva-se à abordagem multidisciplinar aplicada ao paciente, com foco na prevenção primária e secundária por meio de orientações e acompanhamento intensivos. Além disso, o usuário tem fácil acesso aos medicamentos, sendo disponibilizados pelo CR. A utilização de biomarcadores poderia contribuir para entender melhor os efeitos da presença do vírus e do tratamento antirretroviral na doença CV. Por se tratar de uma população de maior vulnerabilidade, sugere-se um controle mais eficaz.

 

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