Introdução: A hiperferritinemia (HF) é caracterizada por um acúmulo de ferritina sanguínea, originando uma irregularidade na homeostase do ferro, geralmente verificada quando saturação de transferrina ≥ 45-50%. Uma das principais causas desse distúrbio é a síndrome metabólica (SM), compreendida por um conjunto de fatores de risco cardiovasculares associados a gordura visceral e resistência à insulina, o mecanismo responsável por essa associação ainda não é definido. Por esse motivo, o objetivo do estudo é apresentar a relação entre parâmetros da SM sobre a HF. Métodos: Estudo observacional analítico transversal incluindo 269 pacientes atendidos em uma unidade de cardiologia. Desses, 133 pacientes (81 homens x 52 mulheres) foram diagnosticados com SM através dos critérios NCEP ATP III, já a HF esteve presente em 81 participantes, sendo que 51 tinham diagnóstico de SM. Foram utilizados parâmetros bioquímicos, entre eles, glicemia e insulina de jejum, ferritina, triglicérides e lipoproteína de alta densidade (HDL-c), e medidas antropométricas, como, peso e altura para cálculo de índice de massa corporal (IMC), circunferência de pescoço e cintura e pressão arterial, suas análises foram realizadas através do teste qui-quadrado, odds ratio, distribuição de normalidade (verificada pelo teste de Kolmogorov–Smirnov) e teste de Levene. A análise de variância (ANOVA) bidirecional, seguida de comparações post hoc de Bonferroni foi responsável pela análise do efeito e da interação entre SM e HF, e um modelo de regressão logística para analisar as variáveis que contribuem significativamente para a predição de HF pelo método Backward. Resultados: A hipertrigliceridemia, o sexo masculino e a SM mostraram associação significativa com HF, com uma probabilidade de 1,88 x 6,2 x 2,1 vezes. Além disso, a HF demonstrou relação significativa com circunferência de cintura, insulina, ferro e ferritina, ainda que a ferritina apresentou associação independente da presença de SM e correlacionou-se positivamente com aumento no IMC, glicemia e insulina de jejum, triglicérides, pressão sistólica e diastólica e circunferência de cintura. A circunferência de cintura juntamente com os níveis de triglicérides explicam apenas 10,1% dos valores de ferritina, já o conjunto entre SM e sexo masculino foram responsáveis por 22% na variação de probabilidade de HF. Conclusão: No presente estudo é averiguado que a hiperferritinemia está positivamente correlacionada com os parâmetros da SM, exceto ao HDL-c na população em questão.