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Ferramentas de Inteligência Artificial e o Tratamento da Insuficiência Cardíaca: É o Amanhecer de uma Nova Era?

Bruno Tsutomu Nakatani, Laïs Yuriko Imai, Marcelo Rodrigues Bacci
Faculdade de Medicina do ABC | FMABC - Santo André - São Paulo - Brasil

 

A insuficiência cardíaca (IC) é uma das principais causas de hospitalização e desfechos cardíacos adversos em todo o mundo. No Brasil, existe uma diferença considerável entre o tempo da alta hospitalar do paciente com IC e a visita ambulatorial ao cardiologista. Esta lacuna no atendimento pode ocasionar a procura de jovens médicos, muitas vezes mais acessíveis, por formas não convencionais de se obter informações sobre o tratamento da IC. Para avaliar a precisão das principais recomendações de ferramentas de inteligência artificial (IA) para o tratamento de IC, utilizamos o Chat-GPT 4 da OpenAI e o Gemini do Google. Escolhemos os medicamentos mais utilizados no Brasil para tratar a IC e inserimos em ambas as ferramentas a mesma pergunta: "O medicamento X é seguro para o tratamento da IC?". As respostas foram categorizadas da seguinte forma: "Sim, é seguro" e "Não, não é seguro". Após a categorização, verificamos a diretriz de IC da American Heart Association (AHA) / American College of Cardiology (ACC) como padrão para confirmar ou negar as recomendações de segurança para os medicamentos. Dois pesquisadores conduziram a busca de forma independente  para reduzir o viés de interpretação, e um terceiro verificou as respostas quando elas eram diferentes. Realizamos uma pesquisa completa dos medicamentos mais utilizados para tratar a IC no Brasil e chegamos a um total de 55 medicamentos para a análise. As principais classes de drogas foram os diuréticos, os inibidores da enzima de conversão da angiotensina (iECA), os bloqueadores do receptor da angiotensina, os inibidores do cotransportador de sódio-glicose 2, os glicosídeos cardíacos, os beta-bloqueadores, os nitratos, os estimuladores da guanilciclase,  o bloqueador do receptor de angiotensa/inibidor da neprilisina e os agentes vasoativos diretos. O Chat-GPT 4 identificou corretamente a segurança da recomendação em 72,7% dos casos. Por outro lado, Gemini realizou 81,8% das recomendações com correspondência correta. Chat-GPT 4 e Gemini concordaram em 83,6% das consultas. Entre as categorias de medicamentos analisadas, os beta-bloqueadores, nitratos e iECA apresentaram as maiores disparidades entre as ferramentas de IA e a diretriz da AHA/ACC para IC. Apesar da diretriz da AHA/ACC ser padrão-ouro como guia para o tratamento de IC, ambas as ferramentas de IA mostraram forte correlação com recomendações corretas de segurança. É viável inferir que essas ferramentas podem ser usadas para consultas rápidas, sem prejuízo na segurança da decisão final do médico sobre o tratamento medicamentoso da IC.

 

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