Introdução: Pessoas com diabetes melito tipo 2 (DM2) têm maior risco de infarto do miocárdio e morte súbita cardíaca (MSC). A busca por métodos não invasivos e eficazes para prever arritmias fatais é crucial, dada a insuficiência das ferramentas atuais. O índice de heterogeneidade da repolarização (TWH) tem se destacado como um indicador potencial de arritmias graves. O estudo EMPA-REG associou a empagliflozina à redução da mortalidade cardiovascular, mas os precisos mecanismos subjacentes permanecem desconhecidos. Este estudo avalia o potencial da empagliflozina em reduzir a instabilidade elétrica em pacientes com DM2 e doença arterial coronariana (DAC), através da avaliação da mudança no TWH.
Métodos: A pesquisa envolveu pacientes ambulatoriais adultos com DM2 e DAC, que apresentavam um TWH inicial de, no mínimo, 80 µV, indicativo de alto risco para arritmias fatais e MSC. Submetidos a 25mg diários de empagliflozina, eles foram avaliados clinicamente e por ECG no início e após quatro semanas. O TWH foi calculado utilizando as derivações V4, V5, e V6, através de técnica validada. O desfecho primário do estudo foi a alteração no TWH após a administração de empagliflozina, avaliada por meio do teste de Wilcoxon, com um limiar de significância de p<0,05.
Resultados: De 6.000 prontuários revisados, 800 pacientes foram considerados para análise do TWH, e 412 apresentaram TWH > 80 µV. Após avaliações iniciais, 90 pacientes foram incluídos no estudo conforme critérios de risco cardiovascular. A aderência a empagliflozina foi superior a 80%, observando-se redução significativa na pressão arterial sem impacto na frequência cardíaca. Efeitos colaterais foram leves, com hipoglicemia leve em 13% dos casos. O tratamento reduziu o TWH de 116 para 103 µV (p=0.01).
Conclusão: Os achados do EMPATHY-HEART revelam que a empagliflozina tem um papel promissor na redução da heterogeneidade da repolarização ventricular em pacientes com DM2 e DAC, implicando uma diminuição potencial no risco de arritmias graves e MSC. Este resultado sugere não apenas um caminho terapêutico inovador, mas também contribui para elucidar os mecanismos através dos quais a empagliflozina pode beneficiar essa população específica.