Introdução: A infecção por SARS-CoV-2 provoca inflamação sistêmica com diferentes níveis de gravidade e acometimentos secundários e tardios. Entre os possíveis desfechos, suspeita-se da ocorrência de prejuízos autonômicos, os quais podem comprometer a homeostase cardiovascular, aumentando a susceptibilidade ao desenvolvimento e/ou agravamento de doenças cardiovasculares. Objetivo: Investigar os efeitos tardios sobre parâmetros autonômicos cardiovasculares, com ênfase na modulação autonômica cardiovascular e na sensibilidade barorreflexa. Métodos: 50 homens (35 a 55 anos) sedentários, não pertencentes aos grupos de risco para desfechos adversos da COVID-19 foram divididos em dois grupos: grupo acometido pela COVID-19 há mais de 6 meses e que desenvolveram a forma leve da doença (N=22); e grupo controle/ou assintomático (N=28). Todos os participantes foram submetidos aos seguintes procedimentos experimentais: antropometria, registro dos parâmetros hemodinâmicos, avaliação da aptidão cardiorrespiratória por meio do teste cardiopulmonar, análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e pressão arterial (VPA) e avaliação da sensibilidade barorreflexa espontânea (SBR). Resultados: Não houve diferença significativa entre os grupos em relação às características antropométricas e ao VO2pico, no entanto, o grupo COVID apresentou maior pressão arterial sistólica (123 ± 12 vs 117 ± 8 – p = 0,048). Quanto à avaliação da VFC, a análise linear não mostrou diferenças entre os grupos. Da mesma forma, alguns métodos não lineares, como a análise simbólica, gráfico de Poincaré e as análises de tendências de flutuações também não apontaram diferenças entre os grupos. Por outro lado, a análise das entropias mostrou que o grupo COVID-19 apresentava maiores valores de entropia aproximada (1,48 ± 0,12 vs 1,29 ± 0,09 – p<0,001) e de entropia de amostra (1,75 ± 0,17 vs 1,61 ± 0,20 – p = 0,003). Ademais, não houve diferenças entre os grupos na análise da VPA e da SBR. Conclusão: Os resultados sugerem que a infecção por SARS-CoV-2 não causa impactos à VPA e SBR. No entanto, houve aumento da aleatoriedade e da imprevisibilidade da VFC (Processo FAPESP 2022/02006-5 e 2022/11181-5).