Paciente masculino, 28 anos, solteiro, agricultor, procedente de Vertentes (156Km do Recife) admitido em 01/02/2022 com queixa de dispneia aos grandes esforços há 01 ano com piora progressiva há semanas. No momento da admissão apresentava dispneia classe funcional IV. Negava ortopneia ou dispneia paroxística noturna. Negava síncope, palpitações, sintomas autonômicos ou precordialgia. Negava comorbidades e uso de medicações. Exame físico cardiovascular sem alterações dignas de nota, porém com frequência cardíaca de 42 batimentos por minuto. Eletrocardiograma admissional evidenciou bloqueio átrio-ventricular totalcom escape de QRS largo. Laboratório sem alterações dignas de nota. Ecocardiograma revelou hipertrófica excêntrica do VE, hipocinesia difusa com predomínio septal e este, apresentando movimento paradoxal. Fração de ejeção do VE de 39% pelo Simpson. Aumento biatrial, ventrículo direito aumentado e com função reduzida, insuficiência mitral, pulmonar e tricúspide discretas. Hipertensão pulmonar disctreta. Feito tomografia de tórax com resultado negativo para tromboembolismo e não foram observados linfonodomegalias mediastinais que permitissem acesso para biópsia. Realizado PET/CT que apontou linfonodos hipermetabólicos em cadeias profundas e hipermetabolismo heterogêneo no miocárdio, principalmente no septo, nas regiões basais da parede anterior e lateral e na região apical ínfero-lateral. Na ressonância cardíaca foi visto fibrose miocárdica de padrão transmural nos segmentos anteroseptal e inferosseptal basal e anterior medial do ventrículo esquerdo além de fibrose miocárdica de padrão subepicárdico nos segmentos anterosseptal e inferoseptal medial, acometendo principalmente o ventrículo direito. A presença de disfunção biventricular e o padrão de fibrose descrita, somado à presença de BAVT é fortemente sugestivo de sarcoidose cardíaca. Feito biópsia endomiocárdica com resultado negativo para a entidade. Todavia, o diagnóstico foi embasado, de acordo com os critérios da sociedade japonesa de sarcoidose, publicados em 2017, que não comtempla a biópsia como condição obrigatória para o diagnóstico. Desta forma, foi iniciado tratamento com corticódide e implante de marcapasso com cardiodesfibrilador implantado - CDI. Otimizamos as medicações para Iinsuficiência cardíaca e o paciente recebeu alta em boas condições clínicas e atualmente, após 2 anos de seguimento, está sem dispneia, nega síncope e nega episódios de choque pelo CDI.