Introdução: O padrão sul-africano (PSF) eletrocardiográfico está relacionado a uma oclusão arterial aguda (OAA) da primeira diagonal (DG1) com achados compatíveis com um infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST. Este relato de caso visa destacar a importância do reconhecimento do padrão eletrocardiográfico na reversão de uma parada cardiorrespiratória (PCR) por meio de trombólise.
Relato de caso: Paciente feminino, 37 anos, portadora de hipertensão arterial e obesidade grau II, tabagista, acolhida em unidade de emergência relatando intensa dor torácica em região precordial, tipo aperto, com irradiação para membros superiores, iniciando-se há 6 horas, com piora na última hora, além de mal-estar geral e dispnéia. Ao exame físico, pressão arterial 110x80 mmHg, frequência cardíaca de 91 batimentos por minuto, saturação de 98% em ar ambiente; sem alterações à ausculta cardíaca e ausculta pulmonar apresentando estertores crepitantes em bases. Realizado eletrocardiograma, que evidenciou supradesnivelamento do segmento ST nas derivações DI, aVL, V2 e V3, além de infradesnivelamento de tal segmento em DIII e aVF, compatível com o PSF, que sugere uma OAA da DG1. Então, paciente monitorizada em leito de emergência evolui com PCR em ritmo de fibrilação ventricular. Retorna a circulação espontânea após 9 minutos em vigência de trombólise, após 3 desfibrilações elétricas e demais manobras protocolares. Na sequência, optado por via aérea definitiva e transferência para centro de terciário para realização de cineangiocoronariografia, a qual evidenciou ateromatose com redução luminal de 50% no terço proximal da artéria descendente anterior, além de não haver lesões descritas em ramos diagonais; optado então por tratamento conservador. Posteriormente, paciente realizou ecocardiograma transtorácico, que constatou hipocinesia basal antero-septal e basal infero-septal, definindo disfunção sistólica segmentar leve de ventrículo esquerdo com fração de ejeção preservada (67,4% por Simpson). Assim, paciente recebeu alta hospitalar para seguimento ambulatorial em uso de dupla antiagregação plaquetária, além de estatina de alta potência, enalapril e carvedilol.
Conclusão: Destaca-se a importância de se reconhecer a síndrome de dor torácica associada ao padrão eletrocardiográfico para definição de conduta, principalmente num serviço sem disponibilidade imediata de estudo invasivo, mostrando, assim, o papel da trombólise como peça fundamental no impacto da mortalidade imediata.