Introdução: A Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) é uma doença metabólica crônica que afeta a capacidade de exercício físico e a modulação autonômica cardíaca. Estudos investigam o impacto da DM2 no consumo de oxigênio pico (VO2pico) e nos índices da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) de repouso, porém a relação entre essas variáveis é pouco esclarecida. Objetivo: Avaliar e relacionar a modulação autonômica cardíaca de repouso com a potência aeróbica de indivíduos com DM2 e de aparentemente saudáveis. Métodos: 42 homens, sendo 21 controles (52±5 anos; IMC 27,1±2,8 Kg/m2) e 21 DM2 (54±6 anos; IMC 28,1±4,1 Kg/m2), foram avaliados. O grupo DM2 não apresentava neuropatia autonômica cardiovascular. Ambos os grupos foram submetidos à avaliação da VFC em repouso (posição sentada). Foi realizada a captação do período cardíaco por meio do bioamplificador de sinais e da frequência respiratória por cinta respiratória, ambos acoplados a uma placa de aquisição simultânea de sinais. Para análise da VFC foram selecionados 256 pontos consecutivos do período cardíaco e analisado o domínio do tempo (média e variância) e da frequência (bandas de alta e baixa frequência da análise espectral). Para potência aeróbica (VO2 pico) foi utilizado um ergoespirômetro e realizado o teste de exercício cardiopulmonar (TECP) de carga incremental em bicicleta ergométrica determinando a carga pico. Para comparação entre grupos foi utilizado o teste t de Student ou Mann-Whitney e para correlação o teste de Pearson ou Spearman e considerado a classificação de Munro para avaliação da força das correlações. Adotado p<0,05. Resultados: Foi observado que os DM2 apresentaram uma menor variância do período cardíaco de repouso [(1095±619x DM2=623±484 (p=0,008)], VO2 pico [(24,6±6,2x DM2=20,9±4,2) (p=0,027)] e carga pico [158(134–199)x DM2=137 (129–156) (p=0,048)]. Ambos os grupos apresentaram relação positiva e moderada entre as bandas de alta frequência e o VO2 pico (DM2:r=0,601, p=0,004; controle: r=0,658, p=0,002), e positiva e fraca entre a média do período cardíaco e o VO2 pico (DM2:r=0,469, p=0,032; controle: r=0,497 p=0,022). Conclusão: Nossos resultados mostram que há diferença entre a modulação autonômica cardíaca e a potência aeróbica de pacientes com DM2, comparado com indivíduos saudáveis. Além disso, a presença de uma menor modulação autonômica cardíaca de repouso no grupo DM2, parece impactar no desempenho no TECP. Ressalta-se que mais estudos são necessários para nortear o processo de reabilitação destes pacientes. Auxílio financeiro: CNPq-420502/2017-3; FAPESP-2016/22215-7.