Introdução: As doenças cardiovasculares são responsáveis por altas taxas de morbimortalidade, redução da capacidade funcional e qualidade de vida. Testes funcionais de campo são amplamente utilizados ambulatorialmente para avaliação de pacientes cardiopatas com objetivo de realizar prescrição de exercício físico, avaliar prognóstico e resultados de intervenções fisioterapêuticas e farmacológicas, sendo o teste de caminhada de seis minutos (TC6) um dos mais usados e já consolidado, seguido pelo teste de marcha estacionária de dois minutos (TME2), enquanto o teste do degrau de 2 minutos (TD2) é pouco descrito na literatura. Entretanto, há carência de estudos sobre a aplicação destes testes em ambiente intra-hospitalar.
Objetivo: Avaliar a aplicabilidade dos testes funcionais (TC6, TME2 e o TD2), quanto sua segurança e eficácia, em período precoce de internação hospitalar em pacientes cardiopatas submetidos à fase I da reabilitação cardiovascular.
Métodos: Foram estudados 23 pacientes cardiopatas, 56±11 anos, 57% homens, internados em enfermaria de um hospital terciário e que realizaram a etapa 3 do protocolo de fisioterapia cardiovascular da instituição. Os pacientes foram randomizados quanto à ordem de realização dos testes (TC6, TME2 e TD2). A frequência cardíaca foi monitorada continuamente pelo frequencímetro Polar® RS800 e a pressão arterial, a saturação periférica de oxigênio e o índice de percepção de esforço (IPE) de Borg foram obtidos no repouso, no pico do esforço e no 3º e 6º minutos de recuperação. Foram obtidos a distância percorrida no TC6, o número de elevações do membro inferior (MI) dominante no TME2 e o número de degraus subidos no TD2. A comparação inter e intra-grupos foi realizada através da ANOVA de efeitos mistos e a correlação dos resultados pelo método de Pearson.
Resultados: Não houve diferença (p>0,05) das variáveis hemodinâmicas e do IPE de Borg no pico do esforço entre os três testes. Entretanto, houve aumento da FC, da pressão arterial e do IPE de Borg no pico do esforço em relação às condições de repouso e recuperação (p<0,0001). Houve forte correlação entre a distância percorrida (TC6) e o número de elevações do MI (TME2) (r=0,75; p<0,0001), entre a distância percorrida (TC6) e o número de degraus (TD2) (r=0,86; p<0,0001) e entre número de elevações do MI (TME2) e número de degraus (TD2) (r=0,90; p<0,0001).
Conclusão: Os testes funcionais (TC6, TME2 e TD2) foram seguros e bem tolerados pelos pacientes estudados, podendo ser uma ferramenta de avaliação da capacidade funcional em fase precoce de internação hospitalar.