A trombose de prótese valvar é uma complicação ainda presente, apesar de evitável com o uso adequado de anticoagulante oral. Ela se apresenta principalmente em próteses mecânicas, mais comumente quando em posição mitral, apresentando elevada morbimortalidade, exigindo diagnóstico e tratamento rápidos.Atualmente é proposto para casos de trombose de prótese com repercussão significativa (gradientes protéticos elevados ou classe funcional III e IV) dois tipos de abordagem: a reabordagem cirúrgica com troca da prótese valvar e a terapia fibrinolítica, individualizando suas indicações.Há poucos relatos na literatura de pacientes com tratamento com anticoagulação venosa exclusiva para esse cenário, sem a necessidade de terapia complementar.
Relatamos um caso de paciente jovem, internada por dispneia e dor precordial secundárias a trombose de prótese mecânica em posição mitral por má aderência medicamentosa. Durante a internação foi diagnosticada com sepse de corrente sanguínea, sem observação de vegetação por ecocardiograma transesofágico. Evoluiu com abscesso esplênico ecom necessidade de esplenectomia. Devido a sua condição clínica, não houve a possibilidade de indicação de troca de prótese valvar ou terapia fibrinolítica. Tratada com antibioticoterapia e anticoagulação parenteral com heparina não fracionada, apresentou boa resposta terapêutica após 7 dias.. Houve a normalização do funcionamento da prótese valvar sem a necessidade de terapia fibrinolítica ou de troca da prótese valva mostrando a eficácia da Anticoagulação endovenosa também em cenários com grande repercussão hemodinâmica.
A imagem em anexo mostra o registro ecocardiografico antes e depois da terapeutica clínica, evidenciando a recuperação da abertura valvar.