Introdução: O teste de caminhada de 6-minutos (TC6M) é recomendado para avaliação da capacidade funcional e prognóstico na insuficiência cardíaca (IC). Entretanto, considerando a fragilidade clínica de pacientes com IC hospitalizados, é importante investigar a presença e magnitude do efeito de aprendizagem que justifique a necessidade de um segundo teste. Objetivo: determinar se existe diferença relevante na distância percorrida no TC6M quando dois testes são realizados em pacientes hospitalizados por descompensação da IC. Método: Estudo prospectivo no período de 2018 a 2023, incluindo indivíduos adultos hospitalizados com diagnóstico clínico de IC confirmado por meio de ecocardiografia. A aplicação do TC6M foi realizada após 48h da compensação da IC, dada por controle dos sintomas, em pacientes submetidos à reabilitação cardíaca intra-hospitalar baseada em exercícios, que foram capazes de atingir ao menos 50 metros no treino de deambulação. O TC6M foi aplicado de acordo com as normas da American Thoracic Society (ATS) e as respostas cardiorrespiratórias e percepção de esforço foram avaliadas antes, logo após e durante recuperação. O software JAMOVI foi utilizado para análise estatística, considerando p<0,05 como nível de significância. Resultados: Foram avaliados 77 indivíduos com média de idade de 56,9 ± 13,7 e fração de ejeção ventricular esquerda de 33,2 ± 11,3. A análise de Bland-Altman revelou uma diferença média de 12,8m [0,06 a 25,5] entre o primeiro e o segundo testes, sendo estatisticamente significante (t(76) = 2,0; p valor= 0,04). Tal diferença corresponde ao percentual médio de 8,03 ± 3,53 de incremento no segundo teste. Conclusão: Pacientes hospitalizados por descompensação de IC se beneficiam da repetição do TC6M para avaliar com mais fidedignidade a capacidade funcional em ambiente hospitalar.