Introdução: A doença reumática crônica do coração (DRCC) é uma complicação não supurativa tardia da infecção por estreptococos β-hemolítico do grupo A, que pode evoluir para a febre reumática (FR). Os sintomas cardiovasculares se dão por meio da inflamação que envolve as camadas do coração e a gravidade se mostra com fibrose e calcificação valvar. Logo, há deformidades estruturais à elas, de modo que as mais afetadas são a valva mitral, seguida da aórtica. O quadro clínico varia de acordo com a valva acometida, sendo que a via final comum, se não tratada, será a miocardiopatia valvar. No Brasil, ocorrem cerca de 30.000 casos de FR por ano e cerca de um terço das cirurgias cardíacas realizadas são em decorrência da DRCC. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico e retrospectivo. Os dados foram coletados do banco informativo de saúde do DATASUS TABNET, referente ao período de 2012-22 do estado de São Paulo (SP). As variáveis utilizadas são cor, sexo, faixa etária, caráter de atendimento e região administrativa estadual. Resultados: Observou-se um total de 14.226 internações no período observado, o qual representa uma taxa de prevalência (TP) de 320,32 a cada 1 milhão (M) de habitantes, com o maior índice percentual alcançado no ano de 2014 (10,94%). O perfil epidemiológico evidenciou um predomínio da morbidade na população feminina (61,18%), com TP de 195,98 casos a cada 1M de habitantes. O grupo étnico com o maior percentual de casos ocorreu entre os autodeclarados com a cor Branca (68,65%), com 219,92 casos a cada 1M de habitantes. A faixa etária de 50 a 59 anos acumulou 24,96% do total de casos. O caráter de atendimento foi predominantemente eletivo (57,26%), porém com cenários de urgência (42,73%) presentes. Na análise por região administrativa estadual, a Grande SP é responsável por 49,57% dos casos. Entretanto, as regiões de Ribeirão Preto, São José do Rio Pretro e Presidente Prudente apresentam as maiores prevalências, estas: 819,18; 533,98 e 511,02 casos, respectivamente, a cada 1M de habitantes. Conclusões: A prevalência da DRCC é superior no sexo feminino, na etnia branca e nos indivíduos entre 50 e 59 anos. Além disso, um dado relevante é a distribuição do tipo de atendimento, sendo a maioria eletivo, o que mostra que é uma patologia que pode ser diagnosticada de forma adequada ambulatorialmente, sendo fornecido o tratamento adequado, acompanhamento periódico, com o intuito de evitar que a degeneração valvar se torne importante a ponto de uma intervenção cirúrgica.