INTRODUÇÃO: A cardiotoxicidade de quimioterápicos é algo quem vem sendo cada vez mais estudado nas últimas décadas, isso devido ao fato de que com passar dos anos as sobrevida de pacientes oncológicos vem aumentando, possibilitando desenvolvimento de complicações cardiovasculares em grande parte dos pacientes. Essa toxicidade pode ser manifestada por cadiomiopatia, com ou sem insuficiência cardíaca. Sabe-se que a gravidade e a incidência depende do quimioterápico usado, da dose cumulativa, das comorbidades prévias e da realização de outros tratamentos concomitante.
RELATO DE CASO: Sexo feminina, 48 anos, diagnosticada em 1997 com osteossarcoma de fêmur esquerdo, realizou tratamento quimioterápico adjuvante com carboplatina , doxorrubicina e ifosfamida por 8 meses, além de ter realizado tratamento cirurgico, com colocação de endoprotese em 1998. Paciente após 25 anos de tratamento com quimioterápicos, com acompanhamento anual, até então assintomática e com exames complementares sem alteração. Evolui no último ano com queda da fração de ejeção (de 68% para 48%), associada a surgimento de disfunção diastólica do ventrículo esquerdo (VE) grau I e hipocinesia difusa do VE, com queda do strain de 18% para 15%. Paciente manteve-se assintomática do ponto de vista cardiovascular. Foram iniciadas medicações para a cardiomiopatia, com inibidor da enzima conversora de angiotensina e beta bloqueador, com gradual aumento, até otimização do tratamento. Após 6 meses, foi solicitado novo ecocardiograma com strain, que mostra recuperação da fração de ejeção do VE (56%) e strain longitudinal do VE de 21%. Durante esses 25 anos paciente fez acompanhamento regular com ecocardiograma, possibilitando detecção precoce, prevenção e manejo adequado da cardiotoxicidade.
DISCUSSÃO: A cardiotoxicidade é bastante frequente e muito estudada, principalmente relacionada a doxirrubicina (antracíclico), pode ocorrer desde os primeiros meses de tratamento até anos após interrupção do contato com a droga. No caso, foi observado após 25 anos, ainda na fase assintomática, com detecção e inicio precoce do tratamento, reduzindo desfecho negativos e com recuperação da função ventricular. Isso mostra a importância do acompanhamento com o ecocardiograma em pacientes submetidos a quimioterápicos cardiotóxicos, mesmo após anos do tratamento.