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TRABALHOS APROVADOS > RESUMO

Reativação de cardite reumática com disfunção ventricular aguda

SOUZA JUNIOR, M. A. C., BARBOSA, I. V., SOUZA. D. H. P., RIBEIRO, L. T. C., FRANCO. R. A.
Hospital São Luiz Itaim - Rede D'Or - São Paulo - São Paulo - Brasil

Introdução: Com uma prevalência global entre 8 e 51 por 100.000, a febre reumática (FR) aguda é comum em crianças de 5 a 15 anos, pós-infecção estreptocócica. A cardite reumática, complicação possível, requer tratamento imediato da infecção e profilaxia para evitar recorrências. O diagnóstico baseia-se nos critérios de Jones modificados. A profilaxia com penicilina reduz a incidência da cardite reumática, apesar da rara reativação.

Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de caso, realizado com informações do prontuário.

 

Resultados: A.R.C.C.V., 49 anos, pré-diabética, tabagista por 34 anos, natural de Angola, gemelar com restrição de crescimento intrauterino, nasceu em hipóxia neonatal. Aos 3 meses, apresentou insuficiência cardíaca (IC) e insuficiência mitral, sem anomalias cardíacas congênitas. Aos 49 anos,realizou um ecocardiograma que mostrou função ventricular preservada e fusão comissural da válvula mitral, sugerindo FR, com insuficiência mitral moderada. Em 12/09/2023, deu entrada com dispneia, taquicardia, sopro mitral e edema. Exames mostraram marcadores reumatológicos negativos, leucocitose, VHS, PCR e troponina I elevados, fração de ejeção de VE de 37% e sinais de realce tardio miocárdico, suspeitando-se de reativação de cardite reumática. Admitida em UTI, recebeu tratamento com anti-inflamatórios, diuréticos, vasodilatadores e pulsoterapia, com recuperação completa ao ecocardiograma. Retornou em 05/11 com fibrilação atrial, realizada cardioversão e internada para investigação. PET CT que confirmou reativação da cardite reumática (imagem 1). Optou-se pela corticoterapia por tempo indeterminado, com boa evolução.

Imagem 1:PET CT demonstrando hipercaptação em paredes cardíacas, notadamente de átrios e ventrículo esquerdo, de aspecto difuso.

Discussão: O caso evidencia a reativação da cardite reumática, evento raro e grave, possivelmente relacionado a um episódio não diagnosticado de FR na infância. O diagnóstico requer investigação clínica e laboratorial, com o ecocardiograma sendo essencial e complementado por cintilografia com Gálio-67 e PET 18F-FDG. O tratamento visa controlar a inflamação e a IC, com a pulsoterapia de corticoides demonstrando eficácia. O manejo da refratariedade ao desmame de corticosteroides é complexo e o transplante cardíaco pode ser considerado em casos de IC terminal.

 

Conclusão: Reativação da cardite reumática em adultos é rara e grave, exigindo suspeição precoce e tratamento oportuno. Avaliação clínica e exames são cruciais, com tratamento precoce com corticosteroides para melhorar prognóstico.

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