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Remodelamento reverso e análise de sobrevida em pacientes com cardiomiopatia chagásica com fração de ejeção reduzida

Maria Tereza Sampaio de Sousa Lira, Silas Furquim, Daniel Catto De Marchi, Pamela Camara Maciel, Rafael Cavalcanti Tourinho Dantas, Fabio Fernandes, Felix Jose Alvarez Ramires, Silvia Moreira Ayub Ferreira, Eduardo Gomes Lima, Edimar Alcides Bocchi
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução:O remodelamento reverso (RR) está associado a melhores desfechos de mortalidade na fração de ejeção reduzida (ICFER), no entanto, o efeito do RR na cardiomiopatia chagásica (CC) permanece incerto.

 

Métodos: De janeiro de 2006 a setembro de 2021, o prontuário de 1043 pacientes com CC e ICFER foram avaliados. O remodelamento reverso positivo (RRP) foi definido como: fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) no segundo ecocardiograma de 40% ou mais ou um aumento absoluto da FEVE em 10% ou mais. O desfecho primário foi mortalidade geral e transplante cardíaco.

Análise estatística: Para características basais, utilizou-se os testes de Kolmogorov-Smirnov para variáveis numéricas e o teste Qui-quadrado para as categóricas. Foi optado por realizar escore de propensão para ajuste de possíveis fatores confundidores seguido de modelos de regressão de riscos proporcionais de Cox univariado e análise multivariada com as variáveis que demonstraram valor de p < 0,05 na univariada. A significância estatística foi estabelecida com um valor de p < 0,05.

Resultados: 221 (21,2%) foram classificados como RRP e 822 (78,8%) como remodelamento reverso negativo (RRN). Os participantes do grupo RRP eram predominantemente mulheres (51,6% versus 41,4%; p < 0,001), mais velhos [59 anos (53 – 66) versus 56 anos (47 – 64); p = 0,007], mais propensos a hipertensão (43,4% versus 35,8%; p = 0,036) e apresentaram maiores valores iniciais de frequência cardíaca [70 bpm (60 – 80) versus 65 bpm (60 – 75); p = 0,002] e FEVE [30,0% (26,0 – 35,0) versus 29% (25,0 – 34,0); p < 0,001] comparados ao grupo RRN. O grupo RRP teve uma menor ingestão de betabloqueadores (76,6% versus 87,0%; p = 0,004), espironolactona (38,5% versus 59,5%; p < 0,001) e terapia tripla (30,9% versus 50,4%; p < 0,001). Após o escore de propensão, 200 pacientes permaneceram para a análise final, 100 em cada grupo. A análise do modelo de riscos proporcionais de Cox revelou RRP como um preditor independente [razão de risco (HR): 0.367; intervalo de confiança de 95% (CI) 0.218 – 0.616; p < 0,001] de mortalidade por todas as causas ou transplante cardíaco. O grupo RRP exibiu uma duração de sobrevivência livre de eventos mais longa do que o grupo RRN (10,332 anos; IC 95% 9,557 – 11,107 versus 7,348 anos; IC 95% 6,606 – 8,089; p < 0,001).

Conclusão: O RRP prevê uma melhor sobrevida a longo prazo livre de mortalidade por todas as causas e transplante cardíaco.

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