Introdução: A adesão ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso da hipertensão arterial (HA) implica em grande impacto socioeconômico, além da redução do risco de eventos e morbimortalidade cardiovascular. Sabe-se que a espiritualidade e a religiosidade podem ser incorporadas no enfrentamento e gerenciamento da HA.
Objetivo: Analisar possíveis fatores associados à adesão ao tratamento em hipertensos e o papel da espiritualidade/religiosidade neste contexto.
Método: Estudo observacional, transversal, quantitativo, realizado com 237 indivíduos hipertensos acompanhados em um hospital de ensino brasileiro de grande porte. Dados sociodemográficos, clínicos e hábitos de vida foram coletados, além da mensuração dos dados antropométricos e realização do exame físico. Para determinar a adesão ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso da hipertensão foi utilizado o instrumento Questionário de Adesão ao Tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica (QATHAS) e, para avaliar o nível de espiritualidade/religiosidade foi aplicado o Inventário de Religiosidade de Duke e a Medida Multidimensional Breve de Religiosidade/Espiritualidade. Os resultados foram avaliados por regressão logística, sendo considerado significativo p≤0,05.
Resultados: Observou-se prevalência do sexo masculino (53,6%), idade ≥60anos (65,8%), cor branca (44,7%), católicos (56,5%), ≤8 anos de estudo (70%), aposentados (56,1%), excesso de peso (67,8%) e níveis de adesão ao tratamento da hipertensão no percentil 90 (46,8%). Maiores níveis de adesão ao tratamento foram observados quando idade ≥65anos, ativos fisicamente, e que não faziam uso de bebida alcoólica (p≤0,05). Religiosidade intrínseca (OR: 0,24), valores e crenças (OR:-0,18) e perdão (OR: 0,16) foram estatisticamente significativos (p≤0,05) para adesão ao tratamento.
Conclusão: Maior religiosidade intrínseca, menores pontuações em valores e crenças e maiores pontuações em perdão aumentam o nível de adesão medicamentosa e não medicamentosa em indivíduos hipertensos.