Introdução e objetivos: A varfarina é o anticoagulante oral disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde amplamente utilizado para prevenção de eventos trombóticos. A ação da varfarina depende de fatores intrínsecos e extrínsecos e é essencial o acompanhamento dos pacientes em uso. O objetivo deste trabalho é caracterizar um serviço de farmácia clínica ambulatorial que utiliza a telefarmácia como recurso para atendimento dos pacientes em uso de varfarina. Métodos: Estudo retrospectivo de abril a dezembro de 2023 realizado em um Ambulatório de Anticoagulação de um hospital terciário especializado em Cardiopneumologia em São Paulo. Os pacientes realizam o exame de sangue para o controle do tempo de protrombina (TP) periodicamente. Segue procedimento: paciente é admitido no hospital para a realização do exame, realiza uma entrevista presencial com o farmacêutico clínico (confirmação da dose de varfarina, monitoramento de eventos adversos e causas que possam alterar o resultado do TP) e realiza o exame. Na entrevista, o farmacêutico avalia se o paciente poderá ter atendimento remoto ou irá aguardar presencialmente a consulta com o médico. Para os remotos, após a conduta médica perante o resultado do exame de TP, o farmacêutico efetua a avaliação farmacêutica da prescrição e executa a telefarmácia, por duas modalidades: webconferência ou telefone. A teleconsulta farmacêutica é composta por orientação sobre os ajustes posológicos, interações alimentares e medicamentosas, e monitoramento de sangramentos. Resultados: No período foram realizados 3.094 atendimentos no total, sendo, 725 por webconferência e 2.369 por telefone. Do total, 1.058 foram agendados para teleconsulta farmacêutica por webconferência e destas, a aceitabilidade foi de 68,53% (n=725). A predominância foi do gênero feminino (65,4%) e pacientes valvares (61,8%) com média de idade de 63 anos. Dos 725 atendimentos, a prevalência do RNI (Relação Normatizada Internacional - INR) foi infra-terapêutica com 75,7% e média de 1,7. Os principais motivos da não realização foram o absenteísmo (40,84%) e a falta de habilidade com a tecnologia (23,42%). Em relação às 333 webconferências sem sucesso, 277 (83,18%) receberam o atendimento pela modalidade telefone. Conclusão: Considerando a periodicidade da realização de coletas do TP, o volume diário de pacientes e a necessidade de atendimento especializado, a telefarmácia tem se mostrado uma ferramenta estratégica para diminuição do tempo de jornada do paciente para a assistência e colaboração na adesão do paciente ao tratamento.