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Impacto da doença renal crônica e hemodiálise no desfecho composto de morte, acidente vascular cerebral ou embolia sistêmica em 1 ano em pacientes com fibrilação atrial

Júlia Fernandes Aguiar, Luciano Moreira Baracioli, Luciano Ferreira Drager, Roberta Saretta, Roberto Kalil Filho, André Franci
HOSPITAL SIRIO LIBANÊS - - SP - BRASIL, INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: A fibrilação atrial (FA) é a arritmia mais prevalente no mundo e está diretamente associada ao aumento da morbimortalidade em pacientes adultos. O escore CHA2DS2VASC é utilizado para identificar pacientes com maior risco para a ocorrência de fenômenos tromboembólicos, no entanto, a doença renal crônica (DRC) ou a terapia dialítica não são consideradas nesse escore. Tendo em vista o número crescente de pacientes com DRC e o elevado risco cardiovascular dessa população, o objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto da DRC e da hemodiálise no prognóstico de pacientes portadores de FA. Métodos: Analizamos uma coorte observacional e retrospectiva, com dados coletados da plataforma TriNetX (Cambridge, MA, Estados Unidos), uma rede global de pesquisa que inclui registros médicos eletrônicos anonimizados de várias organizações de saúde de todo o mundo. Inicialmente, foram selecionados pacientes com idade >18 anos e diagnóstico de FA, que posteriormente foram separados em 3 grupos: 1) FA sem DRC; 2) FA com DRC não-dialítica (taxa de filtração glomerular < 60 ml/min); e 3) FA + DRC em hemodiálise. O desfecho primário analisado foi o composto de morte, acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico ou embolia sistêmica em 1 ano e esse desfecho foi avaliado antes e após o pareamento por escore de propensão considerando 9 variáveis (idade, sexo, hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, doença cerebrovascular e doença arterial periférica). Resultados: Um total de 3.128.311 pacientes foram incluídos no grupo 1, 708.478 no grupo 2 e 65.290 no grupo 3. A média de idade nos grupos foi de 71±14, 76±11 e 67±12 anos, respectivamente. Os gráficos mostram a proporção das comorbidades nos grupos antes e após o pareamento por escore de propensão. A comparação do desfecho primário após o pareamento entre os grupos 1 e 2 está ilustrada na figura A, e entre os grupos 1 e 3, na figura B. A presença de DRC foi associada a um risco 20% maior e a hemodiálise mais de 2 vezes maior de morte, AVC isquêmico ou embolia sistêmica em 1 ano quando comparados a pacientes com FA sem DRC. Conclusão: Em uma grande coorte com dados do mundo real, a presença de DRC ou hemodiálise em pacientes com FA foi associada a um maior risco de morte, AVC isquêmico ou embolia sistêmica em 1 ano, mesmo após diversos ajustes pelo escore de propensão. Mais estudos são fundamentais para melhor avaliar essas possíveis associações e confirmar a influência prognóstica da doença renal crônica em pacientes com fibrilação atrial.

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