INTRODUÇÃO: A miocardite é caracterizada pela esposa inflamatória do miocárdio frente à uma agressão infecciosa ou por ativação do sistema imunológico secundária ao uso de quimioterápicos, periparto e drogas. Estima-se a incidência anual global seja de 22 casos para cada 100.000. O prognóstico pode ser determinado pela gravidade do quadro clínico inicial, pela etiologia e por condições inerentes de cada paciente. Na literatura encontram-se raros relatos de casos de miocardite induzida pelo uso de Isoniazida – uma medicação de uso amplamente difundido no Brasil, visto a alta prevalência de tuberculose. RELATO DE CASO: Masculino, 72 anos, ex-tabagista e portador de DM2. Encaminhado para avaliação por dispneia progressiva e edema generalizado há 3 meses. Refere que há 1 ano foi diagnosticado com tuberculose latente por quadro de sudorese noturna. Após 1 mês de tratamento, evoluiu com icterícia e suspensa a isoniazida por hepatotoxicidade. Nessa mesma ocasião, apresentou síndrome edemigênica e foi diagnosticado com ICFEr com FEVE 14%. Após investigação completa das etiologias da disfunção ventricular, a ressonância magnética demonstra realce tardio de padrão não coronariano mesocárdico, septal médio e basal, sugestivo de fibrose miocárdica, podendo corresponder à miocardiopatia inflamatória prévia. Iniciado tratamento medicamentoso otimizado para ICFEr. DISCUSSÃO: A miocardite é caracterizada pela presença de infiltrado inflamatório associada a degeneração e necrose de cardiomiócitos de origem não isquêmica. A miocardite induzida por drogas é explicada pela hipersensibilidade a componentes quimicamente reativos que se ligam a proteínas causando modificações estruturais, sendo fagocitadas e ocorrendo liberação de interleucina 5, que promove um grande infiltrado eosinofílico levando a lesão miocárdica. A isoniazida faz parte da terapia para tuberculose, tanto ativa como a forma latente, doença muito prevalente no Brasil. CONCLUSÃO: A miocardite, por ser ocasionada por diversas etiologias, muitas vezes assintomáticas durante o curso da doença, possui diagnóstico desafiador e prognóstico distinto. Embora na maioria das vezes de curso autolimitado, pode evoluir com disfunção ventricular, sintomas refratários e até necessidade de transplante cardíaco. Diante disso, a investigação da etiologia, tratamento precoce e acompanhamento especializados são imprescindíveis para redução de desfechos desfavoráveis.