INTRODUÇÃO: A elevação do segmento ST com morfologia em lápide foi descrita primeiramente por Wimalaratna em 1993, tem prevalência descrita na literatura entre 10 e 26,1% das oclusões coronarianas agudas com supradesnivelamento do segmento ST (SCA-CSST). No padrão em lápide, o segmento ST se funde com a onda T, e por vezes a torna indistinguível. Além disso, assemelha-se a um potencial monofásico devido à união do complexo QRS com a onda T e pode apresentar infradesnivelamento de ST em paredes opostas como alterações recíprocas. O objetivo deste trabalho é relatar um caso clínico de SCA-CSST com morfologia em lápide.
DESCRIÇÃO: Paciente de meia idade, histórico de hipertensão, dislipidemia, obesidade grau I e ex-tabagismo (10 maços/ano). Chega ao pronto-socorro por dor torácica retroesternal atípica, iniciada há um dia. Histórico familiar de doença arterial coronariana precoce. O exame físico não apresentava alterações e o eletrocardiograma (ECG) inicial não demonstrava alterações sugestivas de isquemia. Após solicitação dos exames iniciais, apresentou súbita piora da dor torácica, de forte intensidade, sendo realizado novo ECG com evidência de Supra-ST em padrão de lápide.
Transferido à sala de hemodinâmica, apresentava sinais de baixo débito e evoluiu com parada cardiorrespiratória (PCR). Iniciado protocolo de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) e procedida angiografia, observando-se oclusão total em terço proximal da artéria descendente anterior. Realizada angioplastia, apresentou retorno à circulação espontânea após dois minutos da reperfusão. Devido à gravidade do quadro de oclusão coronariana aguda levando a choque cardiogênico, refratário à elevadas doses de drogas vasoativas, foi iniciado suporte circulatório com balão intra-aórtico. Em detrimento de todas as medidas instituídas, evolui com nova PCR que o levou a óbito mesmo após 45 minutos de nova tentativa de RCP.
CONCLUSÃO: A apresentação eletrocardiográfica do padrão morfológico em lápide do segmento ST no contexto do infarto agudo do miocárdio está associada a uma extensa lesão coronariana, maior liberação de biomarcadores cardíacos e desfechos clínicos desfavoráveis. Portanto, sua identificação precoce e a implementação de medidas terapêuticas intensivas são cruciais para melhorar os resultados clínicos e reduzir a morbimortalidade associada a essa condição.