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Um caso de dissecção de aorta isolada associada à variante genética em SMAD4: uma novidade na literatura?

Matheus Ramos Dal Piaz, Carolina Almeida Silva Balluz, Vinicius Machado Correia, Vagner Madrini Júnior, Lucas Vieira Lacerda Pires, José Augusto Duncan Santigo, Ricardo Ribeiro Dias, Fábio Fernandes, José Eduardo Krieger
INSTITUTO DO CORAÇÃO DO HCFMUSP - - SP - BRASIL

Introdução: As doenças da aorta torácica vêm sendo diagnosticadas de forma mais precoce devido ao avanço dos métodos de imagem e da medicina de precisão. Além disso, a genética permite melhor compreensão dos fenótipos esperados para cada variante encontrada, permitindo uma busca ativa de doenças associadas às aortopatias.

 

Caso: Paciente feminina, 48 anos, sem comorbidades, admitida no pronto-socorro do InCor por dor torácica há 20 dias, sendo evidenciada dissecção aórtica Stanford A, deBakey I, estendendo-se até o nível da bifurcação em ilíacas. Foi submetida à cirurgia de Bentall de Bono, com implante de prótese mecânica aórtica. Como paciente apresentava doença de aorta com menos de 60 anos, foi submetida ao teste genético (genoma), que detectou variante de significado incerto (VUS), em heterozigose, no gene SMAD4. A paciente negava história pessoal de teleangiectasias e pólipos intestinais.

 

Discussão: Doenças da Aorta Torácica Hereditárias são definidas por aortopatias no segmento torácico da aorta, que estão associadas a uma causa genética já estabelecida. Diversos genes codificadores de proteínas envolvidas na via de sinalização TGF-Beta são reconhecidos como etiologias de aortopatias. A proteína codificada pelo gene SMAD4 também participa desta via. Variantes patogênicas no SMAD4 que levam a um ganho de função são associadas à Síndrome de Myhre, um fenótipo de alterações do tecido conjuntivo, déficit intelectual e dismorfias faciais; já as variantes de perda de função estão associadas à Síndrome de Polipose Juvenil (SPJ) e Telangiectasia Hemorrágica Hereditária (THH), ou a uma associação das duas. Na SJP-THH, há descrição de aortopatia em cerca de 40% dos casos. Porém, foi relatada uma família com VUS em SMAD4 e que apresentava aortopatia isolada. A paciente em questão encaixava-se neste perfil. Há estudos evidenciando o papel do SMAD4 na embriogênese da aorta e no músculo liso vascular, o que reforça a associação de variantes perda de função com o fenótipo de aortopatia. Assim, devido ao achado de VUS em SMAD4, há indicação de segregação da variante na família, e reavaliação futura para reclassificação.

 

Conclusão: Este caso ilustra o papel fundamental da medicina de precisão nas aortopatias, pois o encontro dessa mesma variante em familiares com um fenótipo compatível de aneurisma de aorta, permitiria uma abordagem precoce e prevenção de desfechos desfavoráveis. Além disso, sabendo da associação do SMAD4 com teleangiectasias e pólipos intestinais, faz-se necessário o rastreamento dessas manifestações.

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