Introdução: O câncer de mama (CM) é um tipo de câncer que afeta predominantemente mulheres, com taxa de incidência e mortalidade elevadas nas últimas décadas.Diversos estudos abordam os efeitos das antraciclinas promovendo modificação da expressão gênica e proteica induzindo cardiotoxicidade, inflamação, apoptose e fibrose cardíaca em indivíduos com CM, entretanto, o impacto somente do CM sobre a expressão gênica e proteica no tecido cardíaco sem utilização das antraciclinas tem sido pouco explorado. Objetivo: Desta forma, nosso trabalho teve como objetivo analisar a expressão diferencial de genes e proteínas no tecido cardíaco de animais com CM sem utilização de antraciclinas. Metodologia: Foram utilizados 12 camundongos fêmeas com 12 semanas de idade, sendo 4 animais sem CM para o grupo controle (GC) e 8 animais com CM, todos do modelo BALB/C. Após a eutanásia foi realizada a extração de RNA do tecido cardíaco dos animais e posteriormente foi feita a análise da expressão dos genes por RT-qPCR. Resultados: Foi observado o aumento da expressão dos genes pró-fibróticos no coração de animais com CM, como: TGF-β (127,8 ± 5,8 % do controle p< 0.0475) comparado com o GC (100 ± 11,0 % do controle); aumento do COL1A1 no grupo CM (135,8 ± 9,2 % do controle p< 0.0403) comparado com o GC (100 ± 2,7 % do controle) e aumento da MAPK no grupo CM (141,1 ± 10,6 % do controle p< 0.0280) comparado com GC. Outros genes também foram analisados, identificando uma tendência de aumento da expressão do IL-1 no CM (139,2 ± 11,2 % do controle p= 0.057) comparado com GC (100 ± 7,7 % do controle), enquanto outro gene pró-inflamatório não observamos diferenças estatísticas significativas, TNF-α (p= 0.0897). Da mesma forma não foi observado diferença estatística na expressão do gene anti-inflamatório IL-10 (p= 0.4038) e de genes pró-apoptóticos, como: BAD (p= 0.1911), BAX (p= 0.4977) e Caspase-3 (p= 0.1782). Entretanto, na análise da expressão proteica foi observado o aumento da expressão da caspase-3 no grupo com CM comparado com o GC (p< 0.05); a diminuição do NF-kB no grupo CM comparado ao GC (p< 0.01); e a diminuição do TNF-α no grupo CM comparado com GC (p< 0.01). Além destes resultados, também observamos a redução da massa cardíaca no grupo CM (p< 0.0424) comparado com o GC e redução do peso dos músculos-esqueléticos no grupo CM: gastrocnêmio (p< 0.0296) e sóleo (p< 0.0028) comparado com o GC. Conclusão: O CM promove aumento da expressão de genes pró-fibróticos no coração independente de antraciclinas, resultando em perda de massa muscular cardíaca.