Introdução:
O implante percutâneo de valva aórtica (TAVI) tem crescido cada vez mais em número de procedimentos realizado em todo mundo. Contudo, uma complicação possível relacionada ao procedimento é a evolução com Endocardite Infecciosa pós-TAVI (EI-TAVI), cujo diagnóstico envolve estratégia de avaliação com imagem multimodal e pode apresentar graves complicações inclusive com indicação cirúrgica. Descrevemos caso de EI-TAVI com múltiplas complicações em que o paciente e familiares recusaram tratamento cirúrgico ou percutâneo da infecção.
Resumo do Caso:
Paciente de 49 anos com antecedente de Coarctação de Aorta corrigida aos 06 anos de idade e CEC Invasivo de Palato com metástase pulmonar, HAS e Esquizofrenia. Procura o Pronto Socorro 1 ano após implante de TAVI com quadro de febre, calafrios e sopro novo em foco aórtico 3+/6+. Realizado ECO TE e PET-CT infeccioso demonstraram presença de vegetação de 0,75cm em folhetos protéticos e captação anômala glicolítica, respectivamente. Hemocultura da admissão também revelou presença de bacteremia por Enterococcus faecalis. Dessa forma, diagnosticado com Endocardite e iniciado Ampicilina + Rifampicina + Gentamicina. Durante internação foi observado sequencialmente quadro de infarto esplênico por embolização séptica, múltiplas consolidações pulmonares por embolia séptica pulmonar. No 17º dia de antibioticoterapia apresenta piora clínica associado a hemoculturas evidenciando fungemia por Candida albicans, acrescentado Anidulofungina à prescrição. Não o bastante, apresentou após piora de congestão pulmonar, curva de Troponina (1561 > 1883) e acinesia de parede inferior nova, sugestivo de IAM por possível embolia séptica para coronária no contexto clínico. Mantido tratamento, no 67º dia de antibioticoterapia evoluiu oclusão arterial aguda por tromboembolismo séptico arterial. Além disso, ECO TT mostrou nova imagem filamentar em valva tricúspide de 1.6cm, e aumento de 0,75 para 2.2 cm em dimensões de imagem filamentar em folheto de endoprótese. Apesar de orientações, paciente e familiares recusaram abordagem cirúrgico ou mesmo percutânea de controle de foco infeccioso. Porém, a despeito de gravidade, evolui com melhora clínica e desaparecimento de vegetações e bioprótese normofuncionante, tendo alta hospitalar após 90º dia de antibioticoterapia.
Conclusão:
EI-TAVI é uma entidade potencialmente grave. Este caso excepcional de boa resposta mesmo com recusa de intervenção pelo paciente diante do contexto clínico reforça por outro lado a importância do bom suporte clínico nesse perfil de pacientes.