Introdução: A endocardite infecciosa é uma doença rara com incidência anual de 3 – 10/ 100.000 pessoas. A variabilidade de apresentações clínicas torna desafiador o diagnóstico a beira-leito, atrasando o tratamento definitivo e aumentando mortalidade.
Objetivo: realizar descrição clínica de complicação rara de endocardite após passagem de duplo J.
Método: Relato de caso retrospectivo, descritivo e observacional.
Relato do caso: Feminina, 34 anos, sem outras comorbidades. Deu entrada com quadro de ureterolitíase a direita complicada com pielonefrite, necessitando de passagem de cateter duplo J e antibioticoterapia, urocultura com Enterococcus faecalis. Retorna após 06 meses, com tratamento recorrente de infecção do trato urinário e com queixa de astenia e febre há 30 dias. Ao exame físico, apresentava nódulos e Osler em falange distal e média do terceiro dedo da mão esquerda, e sopro sistólico em foco mitral 4+/ 6.
Ecocardiograma evidenciou insuficiência mitral de grau importante, prolapso do folheto posterior da valva mitral com vegetação e sinais de perfuração do folheto posterior. Administrada antibioticoterapia para ceftriaxona, gentamicina e vancomicina. Hemoculturas: Enterococcus faecalis sensível a ampicilina, linezolida, teicoplanina e vancomicina. USG e abdome total: pequena quantidade de liquido livre esplenomegalia leve. Avaliação da oftalmologia sem alterações evidentes. A retirada do catéter duplo J já havia sido realizada previamente a esta internação. Avaliada pela Cirurgia Cardíaca que indica abordagem cirúrgica, com colocação de prótese metálica. Após troca valvar e antibioticoterapia, apresenta evolução favorável. Exames pós-operatórios indicaram função valvar adequada, sem complicações significativas.
Conclusões: A atenção vigilante às complicações graves, como a endocardite, durante procedimentos invasivos é imperativa. A consciência clínica e a prontidão para o diagnóstico precoce desempenham um papel crucial na eficácia do tratamento, enfatizando a importância de protocolos rigorosos e monitoramento contínuo para garantir a segurança dos indivíduos submetidos a intervenções invasivas.